O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, "ordenou hoje a habilitação do porto de Algeciras para receber o navio 'Open Arms'" devido à "situação de emergência a bordo" e à "inconcebível" atuação das autoridades italianas, anunciou o governo de Madrid num comunicado.
"A inconcebível resposta das autoridades italianas, e em concreto do ministro do Interior, Matteo Salvini, de fechar todos os seus portos, e as dificuldades expostas por outros países do Mediterrâneo Central, levaram Espanha a liderar mais uma vez a resposta a uma crise humanitária", acrescenta.
O texto frisa que "os portos espanhóis não são nem os mais próximos nem os mais seguros para o 'Open Arms', como os próprios responsáveis do navio têm repetido, mas neste momento Espanha é o único país disposto a acolhê-lo no quadro de uma solução europeia".
"A situação dos migrantes do 'Open Arms' causou, desde o primeiro momento, grande preocupação no executivo, cujo propósito foi encontrar a melhor solução comum que, após a receção do navio, prosseguirá com a repartição dos migrantes acordada por seis países membros, entre eles Espanha", refere ainda o comunicado.
O 'Open Arms', operado pela ONG espanhola Proativa Open Arms, está ao largo da ilha italiana de Lampedusa desde 1 de agosto, quando resgatou 147 migrantes do Mar Mediterrâneo, ao largo da Líbia, mas os dois países mais próximos, Itália e Malta, recusaram-lhe o acesso aos seus portos.
Atualmente, estão 107 migrantes e 19 voluntários a bordo, depois de, no sábado, a Itália ter autorizado a retirada de 27 menores não-acompanhados e de várias operações para retirar do navio pessoas a precisar de assistência médica urgente.
Apesar de, na quinta-feira, seis países europeus - Portugal, Espanha, Alemanha, França, Luxemburgo Roménia - se terem oferecido para receber os migrantes a bordo do navio humanitário, o Open Arms continua sem autorização do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, para aportar.
No comunicado, Espanha volta a sublinhar "o intenso labor dos navios espanhóis na sua zona de responsabilidade", que "certificam o cumprimento dos tratados internacionais", afirmando que "entre 2018 e 2019, os serviços de salvamento marítimo [...] resgataram e conduziram a portos espanhóis mais de 60.000 pessoas".
"Espanha é hoje, com grande diferença, o país da União Europeia que mais resgates realiza no Mediterrâneo", afirma o comunicado.