A posição do Governo foi divulgada hoje à noite, em comunicado, numa altura em que os protestos continuam a subir de tom na Catalunha como reação à decisão, anunciada na segunda-feira pelo Supremo Tribunal espanhol, de condenar os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas de até 13 anos de prisão.
A posição do Governo em funções foi tomada pouco depois de o presidente do maior partido da oposição em Espanha, o popular Pablo Casado, ter pedido que fosse ativada a Lei da Segurança Nacional face aos violentos distúrbios na Catalunha.
"Face aos violentos distúrbios que aumentam a tensão na Catalunha, Sánchez deve ativar a Lei de Segurança Nacional para que nenhum corpo policial fique sujeito a diretrizes dos independentistas e consiga proteger a sua integridade", afirmou Casado numa mensagem divulgada na rede social Twitter.
Embora sem mencionar que ação específica pretende tomar, o Governo em funções sublinhou, no comunicado, o trabalho das forças de segurança e a coordenação entre Mossos d'Esquadra (polícia catalã), polícia nacional e guarda civil, garantindo que agirá com "firmeza, proporcionalidade" e "unidade" com os restantes partidos políticos.
"A violência desta noite está a generalizar-se a todos os protestos. Grupos violentos de manifestantes atacaram a sede das subdelegações em Tarragona, Girona e Lleida e estão a destruir e vandalizar outras cidades catalãs", refere.
"É evidente que não estamos perante um movimento de cidadãos pacíficos, mas coordenados por grupos que usam a violência nas ruas para acabar com a coexistência na Catalunha", acrescentou o comunicado do Governo de Pedro Sánchez.
Barcelona tornou-se, esta noite, cenário de uma batalha campal entre polícias e manifestantes, que construíram barricadas, queimaram mobiliário urbano e pneus, fizeram fogueiras e atiraram pedras e petardos contra os polícias.
Fontes das autoridades policiais catalãs (Mossos d'Esquadra) disseram à agência de notícias espanhola Efe que foram forçadas a agir face à violência de alguns grupos e da presença de elementos encapuçados, tendo realizado várias cargas sobre os manifestantes e detido três pessoas.
Carrinhas das forças de segurança estão também a percorrer as ruas a grande velocidade para dispersar os manifestantes.
A polícia municipal garante que estão cerca de 40 mil pessoas nas ruas, em duas manifestações paralelas convocadas pelos Comités da Defesa da República (CRD) e pelas associações Assembleia Nacional da Catalunha (ANC) e Òmnium Cultural, no segundo dia de manifestações após a leitura de sentença de dirigentes independentistas, condenados por sedição e má gestão de fundos públicos.
O Tribunal Supremo espanhol condenou na segunda-feira os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão, no caso do ex-vice-presidente do governo catalão.
Assim que foi conhecida a sentença, uma série de grupos de independentistas iniciaram movimentos de protesto em todo o território da comunidade autónoma espanhola mais rica.
A polícia antidistúrbios carregou sobre um grupo que protestava no exterior do aeroporto de Barcelona enquanto outros grupos separatistas incendiaram pneus para impedir a circulação de comboios e alguns bloquearam a circulação rodoviária em estradas da região.