"Vamos preparar um livro branco sobre defesa nos primeiros 100 dias de mandato", anunciou Ursula von der Leyen, no Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo, em França.
Perante os eurodeputados no hemiciclo, a presidente do executivo comunitário advertiu que a UE "tem de estar preparada para o que está à sua frente" e insistiu que é necessário "trabalhar mais com Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO)".
Ursula von der Leyen fez uma comparação que disse ser preocupante: "A Rússia está a investir 9% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa, a União Europeia está, em media, a investir 1,9%. Há algo de errado nesta equação."
A antiga ministra da Defesa da Alemanha disse que é necessário haver um "mercado único para a defesa, fortalecer a base industrial de defesa e a mobilidade militar", assim como a criação de "projetos de defesa comuns" entre os Estados-membros.
Ursula von der Leyen também apontou a África e ao Médio Oriente, afirmando que vão ser prioridades do próximo executivo comunitário: "A UE precisa de fazer mais nestas arenas."
"Mas a luta pela liberdade não é apenas dos 27 Estados-membros. O sonho da Europa vai até aos Balcãs Ocidentais, Ucrânia, Moldova e além. Assistimos à bravura da população da Ucrânia, que persegue a sua jornada europeia. Assistimos à resiliência da população da Moldova para continuarem no rumo ao seu futuro europeu. E assistimos ao compromisso dos Balcãs Ocidentais para concluir as reformas e se prepararem para aderir à nossa União", sustentou.
Em simultâneo, continuou Ursula von der Leyen, a Rússia "vai fazer de tudo" para impedir que esses países alcancem "um futuro europeu".
"Quero deixar claro e sem espaço para dúvidas: nós queremos a Ucrânia na União Europeia. Por isso, vamos continuar ao lado da Ucrânia enquanto houver necessidade. Vamos preparar-nos com as reformas necessárias do nosso lado", completou.
Von der Leyen está perante os eurodeputados na sessão plenária do Parlamento Europeu na cidade francesa de Estrasburgo, antes do derradeiro voto ao seu proposto colégio de comissários, que decorrerá cerca das 12:00 (menos uma hora em Lisboa).
Ursula von der Leyen foi reeleita em julho no cargo de presidente da Comissão Europeia, que desempenhará novamente a partir de 01 de dezembro num segundo mandato de cinco anos.
O seu próximo executivo comunitário, agora sujeito a aval parlamentar, é composto por 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% de mulheres e de 60% de homens), uma das quais a comissária indigitada por Portugal e antiga ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que vai ocupar a pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos.
Num contexto de tensões geopolíticas (devido à guerra da Ucrânia causa pela invasão russa e de conflitos no Médio Oriente), de concorrência face aos Estados Unidos e China e de transição política norte-americana, Von der Leyen quer, nos próximos cinco anos, apostar na competitividade económica comunitária.
Estima-se que a UE tenha de investir 800 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 4% do PIB, para colmatar falhas no investimento e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa em comparação a Washington e Pequim.
Só a aposta em defesa, impulsionada pela guerra da Ucrânia causada pela invasão russa e pelas recentes tensões geopolíticas, vai ter de ser suportada por necessidades de investimento na ordem dos 500 mil milhões de euros na próxima década.
[Notícia atualizada às 09h17]
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