A líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, instou, esta quarta-feira, os cidadãos da Bielorrússia a não protestarem contra as eleições presidenciais de janeiro, que deverão dar a vitória a Alexander Lukashenko, no poder há 20 anos.
As últimas eleições presidenciais bielorrussas decorreram em agosto de 2020, quando Tikhanovskaya concorreu contra Lukashenko. Após a derrota, a opositora teve de sair do país e procurar exílio na Lituânia.
Os resultados de 2020 foram contestados pela população e a Bielorrússia foi palco de protestos sem precedentes contra a reeleição do presidente. Desde então, o governo bielorrusso tem liderado uma repressão impiedosa de todos os dissidentes, levando centenas de milhares de pessoas a fugir para o estrangeiro, especialmente para a vizinha Polónia.
"Não podemos permitir protestos neste momento porque, durante quatro anos, as pessoas viveram repressões brutais", disse Tikhanovskaya, em entrevista à agência de notícias Reuters.
"Estas chamadas eleições não são o gatilho de que as pessoas precisam. Por isso, peço às pessoas que não se sacrifiquem", acrescentou.
Segundo a organização não-governamental (ONG) de direitos humanos Viasna, 1.300 pessoas estão atualmente "presas injustamente" na Bielorrússia por terem demonstrado a sua oposição ao governo ou por outros assuntos com ligações políticas.
Uma das líderes do movimento de protesto de 2020, Maria Kolesnikova, foi condenada a 11 anos de prisão e enfrenta sérios problemas de saúde. Os seus familiares não têm notícias suas desde fevereiro de 2023.
Também Svetlana Tikhanovskaya, exilada na Lituânia, não tem notícias do marido, Sergei Tikhanovsky, igualmente detido.
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