As forças de segurança, mobilizadas em grande número, "detiveram 954 manifestantes em três dias, incluindo 610 na terça-feira, quando mais de 10 mil manifestantes enfrentaram barreiras e cordões formados pelos agentes de segurança para tentar se aproximar do distrito onde está sediado o Governo", declarou o inspetor-geral do Paquistão, Ali Nasir Rizvi.
Rizvi afirmou ainda que "71 membros das forças de segurança ficaram feridos".
Pelo menos cinco agentes de segurança morreram nos últimos dias nos confrontos, segundo a agência de notícias AFP.
O Movimento pela Justiça do Paquistão [Pakistan Tehreek-e-Insaf/PTI], partido do ex-primeiro-ministro Imran Khan, cancelou na manhã de hoje os protestos que estavam a acontecer nos últimos dias, após uma caravana com mais de 34 mil apoiadores ter avançado para a capital, Islamabad, onde se envolveram numa série de confrontos com as forças de segurança.
O PTI indicou, num comunicado, que "dada a brutalidade exercida pelas forças do Governo e o plano das autoridades para transformar a capital num matadouro para cidadãos desarmados, os protestos estão, por enquanto, suspensos".
Neste sentido, esclareceu que o reinício das manifestações será anunciado "após análise da situação", tendo em conta as futuras decisões judiciais relativas aos casos que Khan ainda tem pendentes nos tribunais do país.
O partido aproveitou ainda a oportunidade para condenar a brutalidade policial e o "assassínio" de dois manifestantes às mãos da polícia anitmotim destacada no centro da cidade, depois de os manifestantes terem chegado à D-Chowk, uma grande praça onde estão localizados a sede do Parlamento, o gabinete do primeiro-ministro e o Supremo Tribunal, entre outras instituições, e que já foi palco de numerosos protestos no passado.
O partido pediu ao presidente do Supremo Tribunal, Yahya Afridi, que tomasse conta dos "assassínios brutais de membros do partido" e que aplicasse "ações legais contra o primeiro-ministro e o ministro do Interior, bem como a polícia do Punjab".
O ministro do Interior paquistanês, Mohsin Naqvi, declarou que conseguiram "repelir os manifestantes" da capital. A situação foi condenada pelo primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, afirmando que houve "um claro ataque extremista" por parte dos manifestantes.
Imran Khan, que está preso desde 2023 e esteve no poder entre 2018 e 2022, está a ser processado em vários tribunais, principalmente por casos de corrupção ou manifestações violentas por parte dos seus apoiantes.
Em julho, um painel de peritos da ONU descreveu a sua detenção como "arbitrária", apelando à sua libertação imediata.
Os seus apoiantes mobilizaram-se massivamente durante a sua detenção, há mais de um ano, e continuam a manifestar-se regularmente. Recentemente, dez deputados do seu partido foram detidos e apresentados a um juiz antiterrorista, poucos dias após a aprovação de uma lei que regula as manifestações em Islamabad.
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