Diamantes no centro da cooperação bilateral Rússia-Angola

O presidente russo, Vladimir Putin, vai discutir na quinta-feira, em Sochi, com o seu homólogo angolano, João Lourenço, o aprofundamento da "cooperação comercial e económica" entre os dois países, nomeadamente no domínio da extração de diamantes, indicou o Kremlin.

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Lusa
22/10/2019 16:53 ‧ 22/10/2019 por Lusa

Mundo

Diplomacia

"Um dos principais temas das conversações [entre os dois chefes de Estado] será a cooperação comercial e económica. O volume de negócios bilateral [entre a Rússia e Angola] aumentou 42% nos últimos sete meses, atingindo 34,8 milhões de dólares", indicou Yuri Ushakov, porta-voz de Putin, citado pela agência estatal russa de notícias Tass.

Uma área importante da cooperação entre os dois países é a da indústria mineira, nomeadamente, a da exploração de jazidas de diamantes - a empresa russa Alrosa é cofundadora da principal empresa angolana de extração de diamantes, a Catoca - e Ushakov revelou que os dois países estão a desenvolver um "programa de cooperação no domínio da geologia e mineração até 2025", segundo a TASS.

No âmbito da cimeira Rússia-África, segundo uma nota da Casa Civil do presidente angolano, "constam da missão presidencial em território russo a assinatura de acordos bilaterais em diversos domínios, como o da formação de quadros e a implementação de uma indústria de fertilizantes em Angola".

A referência de Luanda às questões relacionadas com a extração diamantífera é, porém, mais velada, apenas emergindo na divulgação da agenda de João Lourenço, que manterá audiências com personalidades russas do universo político, social e económico, incluindo dirigentes de bancos, de empresas industriais e agrícolas e de minérios preciosos como diamantes.

João Lourenço faz-se acompanhar a Sochi pelos ministros da Economia e Planeamento, Relações Exteriores, Agricultura e Florestas, Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e pelo detentor da pasta dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo.

O presidente russo vai realizar várias reuniões bilaterais com líderes de Estados africanos nos próximos dias 23, primeiro dia do evento, e 24 de outubro, à margem da primeira cimeira Rússia-África.

De acordo com o porta-voz de Putin, para além de João Lourenço, o chefe de Estado russo dará particular atenção aos seus homólogos do Quénia, Ruanda, Uganda, Guiné-Conacri, República Centro-Africana, Argélia, Namíbia, Etiópia, República Democrática do Congo, Nigéria e África do Sul, e ainda ao líder egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, presidente em exercício da União Africana, convidado para copresidir à cimeira.

O porta-voz esclareceu ainda que o Presidente russo tentará manter conversas separadas "on the go" com os líderes dos 43 países confirmados que participarão do fórum, acrescentando que foi "impossível" agendar conversas de 30-45 minutos com todos eles, de acordo com a TASS.

Sochi, uma estância balnear russa no Mar Negro, acolherá a cimeira Rússia-África, para a qual foram convidados os líderes dos 54 países africanos e 43, segundo o Kremlin, confirmaram a sua participação, bem com o oito grandes associações e organizações de integração africana.

À margem da cimeira, decorrerá um fórum económico, com a presença dos chefes de Estado africanos e de representantes da comunidade empresarial e de várias agências governamentais num total de mais de 3.000 presenças esperadas.

Será ainda organizada uma feira de armamento, onde a Rússia mostrará armas modernas, incluindo o sistema de defesa de mísseis S-400 e outros sistemas de defesa aérea, bem como sistemas não militares, de acordo com o fabricante de armas Almaz-Antey.

"Esperamos que os nossos colegas africanos e os representantes da comunidade empresarial cheguem a Sochi com um pacote sólido de propostas destinadas a melhorar as relações bilaterais, e que os chefes das organizações regionais de África partilhem as suas ideias sobre como podemos desenvolver em conjunto a cooperação multilateral", afirmou, citado pela TASS, o Presidente russo.

Para Vladimir Putin, "é importante identificar mecanismos para a implementação dos acordos que serão alcançados em Sochi".

Moscovo quer voltar a ter em África a influência política que gozou durante a Guerra Fria, assim como aceder à riqueza mineral e aos mercados potencialmente lucrativos do continente com maior crescimento demográfico estimado para as próximas décadas.

Vladimir Putin dirá aos seus homólogos africanos em Sochi que a Rússia está pronta para oferecer ajuda sem "condições políticas ou outras" e disposta a abraçar o princípio das soluções africanas para os problemas africanos.

Em termos comerciais, Moscovo quer recuperar tempo e mercado, até porque parte muito atrás dos seus principais concorrentes.

A Rússia fez saber nos últimos dias que o seu comércio com os países africanos ultrapassou a barreira dos 20 mil milhões de dólares no ano passado, mas este registo coloca-a abaixo dos cinco maiores parceiros comerciais do continente, de acordo com o Eurostat, lista encabeçada pela União Europeia, seguida pela China, Índia, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos.

 

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