Milhares de pessoas nas ruas do Líbano em protesto contra regime político

Milhares de pessoas voltaram hoje às ruas da capital libanesa, Beirute, e de outras grandes cidades para exigir a "queda do regime", protesto que ocorreu horas depois de uma manifestação de apoio ao Presidente do Líbano, Michel Aoun.

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Lusa
03/11/2019 19:00 ‧ 03/11/2019 por Lusa

Mundo

Líbano

 

Agitando bandeiras nacionais e erguendo cartazes de contestação ao poder político, os manifestantes que se concentraram no centro da cidade de Beirute, epicentro dos protestos desde 17 de outubro, gritaram palavras de ordem como "revolução" e "queda do regime", acompanhando o protesto com um ritmo de música eletrónica e com aplausos.

"Estamos todos unidos contra os líderes que nos dirigem há 40 anos, mas que não mudaram nada neste país", disse Abir Mourad, de 37 anos, que veio especialmente de Trípoli, uma cidade no norte do país.

Para este manifestante, "a força da mudança está agora nas mãos do povo".

Além da capital libanesa, registaram-se protesto contra o poder político nas duas principais cidades costeiras do sul do país, Tiro e Sídon.

Horas antes dos protestos de contestação, milhares de pessoas concentraram-se na cidade libanesa de Baabda, numa manifestação de apoio ao Presidente do Líbano, Michel Aoun.

Em Baabda, uma pequena cidade no sudeste da capital libanesa, vários milhares de pessoas reuniram-se na manhã de hoje na estrada que leva ao palácio presidencial, agitando bandeiras libanesas e faixas de cor laranja que simbolizam o partido de Michel Aoun, o Movimento Patriótico Livre (MPL).

Alguns participantes da manifestação de apoio estavam vestidos de laranja, enquanto outros usavam retratos do presidente de 84 anos.

"Não o deixaremos enquanto estivermos vivos", referia um dos cartazes erguidos.

Durante quase duas semanas, o Líbano esteve quase paralisado devido aos protestos anti-poder, situação que nos últimos dias se começou a normalizar, com a reabertura de bancos e escolas.

No sábado à noite, vários milhares de pessoas reuniram-se em Trípoli, uma grande cidade no norte do Líbano, onde o protesto atraiu libaneses de todo o país, exigindo a formação de uma nova equipa ministerial composta por tecnocratas, após terem pedido a dissolução do parlamento.

Na quinta-feira, o Presidente do Líbano apelou à formação de um Governo "produtivo" composto por ministros escolhidos pelas suas "competências", após duas semanas de protestos contra o poder, acusado de corrupção e incompetência.

As declarações do chefe de Estado ocorreram dois dias após o primeiro-ministro, Saad Hariri, ter renunciado ao cargo, não resistindo à onda de protestos contra o seu Governo.

Os manifestantes exigiam a renúncia do Governo e faziam fortes críticas à classe política que dirige o país desde a guerra civil de 1975-1990.

A renúncia de Saad Hariri ainda não foi formalmente aceite pelo Presidente do Líbano, Michel Aoun, que pode decidir -- pelo menos temporariamente -- que o primeiro-ministro se mantenha em funções num Governo provisório para gestão dos assuntos correntes.

O frágil equilíbrio de poder no Líbano decorre dos acordos saídos da guerra civil, em que o primeiro-ministro deverá ser um muçulmano sunita, o presidente do parlamento um xiita e o Presidente da República um cristão-maronita.

 

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