"Estive à espera deste momento a minha vida toda. Nós estamos, na realidade, a falar sobre os oceanos. Foi o plástico que trouxe os oceanos de volta à discussão e que os tornaram visíveis para as pessoas todos os dias", disse Alexandra Cousteau na conferência "SB Oceans", que arrancou hoje, na Alfândega do Porto.
Durante a conferência, além de partilhar algumas das histórias de infância que fizeram com que seguisse o legado do seu avô na defesa dos oceanos, Alexandra Cousteau deixou vários "alertas", mas também aquilo que, na sua perspetiva pode ser feito "para mudar".
"As empresas, governos, indivíduos e organizações tiveram uma ação sem precedentes para enfrentar a crise do plástico nos nossos oceanos. Essa é a boa notícia, é que mostramos que conseguimos, mas a má notícia é que mesmo que resolvamos o problema, os oceanos continuam a morrer e isso é algo de que ninguém fala", frisou.
Alexandra Cousteau defendeu que "se todos formos capazes de criar uma nova economia azul", assente nos pilares da reconstrução, restauração e regeneração, os oceanos voltarão, até 2050, "a ter vida".
"Perdemos 50% da produtividade do capital natural azul dos nossos oceanos. Apenas temos uma década, antes de atingirmos os 60%. Há boas e más notícias. As más é que se continuarmos a fazer o que sempre fizemos, então os meus filhos, que em 2050 vão ter a minha idade, vão ser a geração da minha família a escrever o obituário do oceano que o meu avô explorou nos anos 50 pela primeira vez", salientou.
Mas adiantou que "se mudarmos o caminho hoje", as gerações mais novas vão ser capazes, à semelhança de Jacques Cousteau, de "experienciar a abundância, vibração, diversidade e riqueza dos oceanos".
Perante uma plateia de mais de 100 pessoas, Alexandra Cousteau sustentou também a necessidade de se desenvolver "um novo sistema operacional para o século", que se estenda à conservação, sustentabilidade, restruturação e abundância, isto é, uma política de florestação dos oceanos.
Segundo a ativista, esta política, além de "dar à vida marinha uma casa", permitirá reter o dióxido de carbono, combater a acidificação oceânica, aumentar o número de peixes e criar emprego, tudo isto, sem esquecer às necessidades da população.
"Acho que todos concordamos que o tempo para fazer alguma coisa é agora e espero que possamos reconstruir o nosso mundo, restaurar o que perdemos e regenerar os oceanos. Para que, em 2050, possamos provar que não há mais plástico do que peixes, e que não teve de haver o fim de nada porque foi neste momento que mudamos as coisas", concluiu.
Pela conferencia "SB Oceans" vão passar, até 16 de novembro, mais de 90 oradores nacionais e internacionais, entre empresários, investigadores e ativistas, tais como, Peter Thomson (enviado especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Oceano) e Scott Mauvais, diretor de inovação cívica da Microsoft.