Emissões de gases causadas pela guerra ultrapassam 200 milhões de toneladas

As emissões de gases com efeito de estufa (GEE) causadas pela guerra na Ucrânia aumentaram 31% em 12 meses e em três anos ultrapassaram as 200 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), indica um estudo divulgado hoje.

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© REUTERS/Viacheslav Ratynsky/File Photo

Lusa
23/02/2025 23:10 ‧ há 3 horas por Lusa

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Ucrânia

Quando se assinalam três anos da invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022, o estudo agora publicado indica que o custo climático da invasão atingiu um novo patamar, com as emissões a aumentarem substancialmente nos últimos 12 meses (fevereiro de 2024 ao momento presente), atingindo quase 230 (229,7) milhões de toneladas de CO2 desde que começou a guerra.

 

O valor é equivalente às emissões anuais da Áustria, Hungria, República Checa e Eslováquia juntas, ou às emissões anuais de 120 milhões de automóveis.

O cálculo tem em conta as emissões de GEE causados pela guerra (responsáveis por 36% das emissões), reconstrução de edifícios (27%), incêndios florestais (21%), danos em infraestruturas energéticas (8%), aviação civil (6%) e deslocação de refugiados (2%).

Segundo o relatório, que só contabiliza as emissões relacionadas com o conflito, estas ultrapassaram os 100 milhões de toneladas no primeiro ano de conflito e ao fim de dois anos estavam acima dos 150 milhões, sendo o maior aumento no terceiro ano de guerra, para os quase 230 milhões.

Com a continuação dos combates, os veículos pesados a queimar combustível, o consumo de aço e betão nas fortificações, as emissões da atividade militar "continuaram a crescer de forma constante nos últimos 12 meses", ultrapassando a outra grande categoria de custos climáticos, a reconstrução de edifícios e infraestruturas danificadas, notam os autores do documento.

De acordo com o estudo, os combates e a seca intensa no verão na Ucrânia conjugaram-se para que duplicasse (118%) a área ardida provocada pelos incêndios florestais relacionados com o conflito (a maior parte deles na linha da frente), em comparação com a média anual dos dois anos anteriores. Em 2022 arderam 29 mil hectares, em 2023 arderam 47,7 e no ano passado 92,1.

As emissões de GEE dos incêndios nos três anos de guerra ultrapassaram em 2024 os 48 milhões de toneladas. Como é perigoso para os bombeiros atuarem em zonas de guerra os incêndios lavram descontroladamente.

De acordo com o estudo, da responsabilidade de uma associação de especialistas em clima que estimam o impacto da guerra no ambiente (The Iniative on GHG accounting of war), um maior uso de drones no ano passado pouco compensou os projeteis de artilharia, mais intensivos em carbono.

Ao contrário, a intensificação dos ataques às infraestruturas energéticas provocou um aumento de 16% nesta categoria de emissões de conflitos nos últimos 12 meses.

A infraestrutura petrolífera foi particularmente atingida, fazendo com que as emissões aumentassem de 1,1 milhões de toneladas de CO2 em 2022 e 2023 (combinados) para 2,1 milhões de fevereiro do ano passado ao momento atual.

A destruição de infraestruturas civis criou mais 6,2 milhões de toneladas de CO2 (+11%) em 2024, elevando o total de emissões para 62,2 milhões de toneladas desde 2022.

No último período de um ano, os aviões continuaram a evitar ou foram proibidos de entrar no espaço aéreo da Rússia e da Ucrânia, aumentando as emissões da aviação relacionadas com o conflito para 14,4 milhões de toneladas de CO2 desde o início da invasão.

As emissões associadas à fuga de refugiados mantiveram-se praticamente inalteradas.

O estudo é apoiado pelo governo ucraniano e tem como coautora Svitlana Krakovska, membro do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla original), que apresentará as conclusões na segunda-feira, na 62.ª sessão do IPCC, em Hangzhou, na China.

Os autores defendem que a Federação Russa deve ser responsabilizada pelas emissões e pelos danos climáticos causados e aplicaram um "custo social do carbono" de 185 dólares americanos por tonelada de CO2, o que coloca à Rússia, após três anos de guerra, uma dívida de 42 mil milhões de dólares.

"O ano de 2024 foi o ano em que o clima e o conflito se combinaram, conduzindo a extensões de florestas queimadas que excedem em muito tudo o que vimos antes na Ucrânia e na Europa. Com as negociações de paz no ar, os custos climáticos não devem ser esquecidos. A Rússia começou esta guerra e deve suportar os custos das suas emissões climáticas", diz, citado no relatório, Lennard de Klerk, o principal autor do documento.

A ministra da Proteção Ambiental e dos Recursos Naturais da Ucrânia, Svitlana Grynchuk, afirmou também sobre o relatório: "A agressão armada em grande escala contra a Ucrânia está a entrar no quarto ano. A análise hoje publicada mostra que os danos ambientais não conhecem fronteiras e que a guerra está a agravar a crise climática que o mundo inteiro enfrenta atualmente".

Os autores notam que as conclusões são preliminares, uma vez que alguns dados dos últimos 12 meses ainda não foram publicados.

Leia Também: Zelensky felicita conservadores alemães com quem quer "fortalecer Europa"

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