OMS. Menos mortes por malária em 2018, mas progressos são insuficientes

O número de novos casos de malária registou uma redução no ano passado para 228 milhões, segundo estimativas divulgadas hoje pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que considera os progressos insuficientes para atingir a eliminação em 2030.

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Lusa
03/12/2019 23:52 ‧ 03/12/2019 por Lusa

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Malária

Os dados do Relatório Mundial sobre a Malária 2019, hoje divulgado, revelam uma redução no número de casos relativamente a 2017, quando tinham sido registados 231 milhões de novos casos.

As mortes associadas à doença cifraram-se em 405 mil, (416 mil em 2017), 380 mil das quais em África (383 mil em 2017), continente que concentra 93% de todos os casos mundiais de malária.

Apesar da redução, a OMS alerta que os progressos são insuficientes para atingir as metas da estratégia global de luta contra a doença, que prevê uma redução de pelo menos 40% da incidência de casos e da taxa de mortalidade até 2020 e a eliminação da doença até 2030.

Dos 228 milhões de novos casos de malária em todo o mundo, 213 milhões foram registados em África (93%) (212 milhões em 2017), com seis países a concentrarem quase 50% de todos os casos: Nigéria (25%), República Democrática do Congo (12%), Uganda (5%), Moçambique, Costa do Marfim e Níger (4% cada).

O sudeste asiático concentra 3,4% dos casos mundiais e o Mediterrâneo Oriental 2%.

A malária ou paludismo continua a afetar de forma particular as mulheres grávidas e as crianças, tendo afetado, no ano passado, 11 milhões de grávidas (29%) em 38 países da África subsaariana onde a transmissão da doença é moderada ou alta.

Em consequência disso, estima a OMS, cerca de 900 mil bebés nasceram com baixo peso.

O relatório mostra igualmente uma relação entre o paludismo e a anemia em crianças com menos de cinco anos, estimando que 24 milhões de crianças nesta região tenham sido infetadas pelo parasita P.falciparum, 12 milhões das quais apresentavam anemia moderada e 1,8 milhões anemia severa.

As crianças representam 67% das mortes mundiais devido ao paludismo em 2018, ou seja, 272 mil crianças menores de cinco anos (278 mil em 2017).

No relatório assinala-se progressos no diagnóstico, prevenção e proteção das grávidas, mas assinala que dois terços das mulheres continuam sem receber o número recomendado de doses do tratamento preventivo no quadro dos cuidados pré-natais.

A OMS estima que foi possível evitar milhões de casos e mortes por malária desde 2000, mas reconhece que, nos últimos anos, os progressos na redução da incidência de casos de paludismo a nível mundial desaceleraram.

A taxa de incidência passou de 71 casos por 1.000 pessoas em 2010 para 57 casos por 1.000 em 2014, com a taxa a manter-se desde esse ano e até à atualidade sem alterações significativas.

"Os progressos não serão suficientes para cumprir o programa de trabalho da OMS, que prevê uma redução para metade das mortes relacionados com a malária até 2023, ou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que propõem a eliminação da malária no horizonte 2030", adianta a organização.

Por isso, no relatório sublinha-se a necessidade de reforçar as intervenções nos países onde a malária ainda é endémica, bem como o financiamento às ações de luta contra o paludismo, que em 2018 atingiu os 2,7 mil milhões de dólares, valor longe da cifra de 5 mil milhões estimada como necessária pela Estratégia Mundial de Luta Contra o Paludismo 2016-2030.

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