"O calendário que temos pela frente é um grande desafio, já que o prazo de conclusão previsto é dezembro de 2020. Se não conseguirmos concluir um acordo até final de 2020, ficaremos outra vez à beira do precipício e isto seria mau para os nossos interesses, mas teria mais impacto para o Reino Unido", declarou Ursula von der Leyen.
Falando perante os eurodeputados na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, Von der Leyen sustentou que, caso se chegue a um 'no deal' comercial, naquela que será a futura relação entre Londres e Bruxelas após o 'Brexit', "a UE vai continuar a beneficiar do seu mercado único, da sua união aduaneira e dos 750 acordos internacionais", razão pela qual não sofrerá tantas consequências.
"Mas claramente isto não é do seu interesse", sublinhou.
"Iremos organizar as negociações para aproveitar ao máximo o pouco tempo que temos e a 01 de fevereiro estaremos preparados para propor um mandato para as negociações", apontou a presidente do executivo comunitário.
Observando que, nessa futura relação, "o Reino Unido irá tornar-se um país terceiro", Von der Leyen disse esperar que, "para bem dos povos europeu e britânico, se crie uma parceria inédita".
"Isto não é o fim de algo, é o princípio de novas relações entre vizinhos e quero que sejamos bons vizinhos", adiantou.
Ursula von der Leyen aproveitou ainda a ocasião para congratular Boris Johnson pela "vitória clara dos conservadores" nas eleições britânicas.
"Presumimos que o acordo de saída será agora ratificado até finais de janeiro", frisou Von der Leyen, aproveitando a ocasião para se despedir dos eurodeputados britânicos e para lhes agradecer "a sua coragem".
"Tenho a dizer que lamento, vamos sentir a vossa falta. Nunca sentiremos a falta dos que gritam e berram", disse ainda.
Na terça-feira, foi anunciado que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, quer proibir por lei qualquer prolongamento para além de 2020 do período de transição após o 'Brexit' em 31 de janeiro, segundo adiantou uma fonte do governo.
A medida deverá ser inserida na legislação que regula o acordo de saída do Reino Unido da UE que o governo quer submeter ao parlamento na sexta-feira.