De acordo com a plataforma - uma organização civil que reúne jornalistas da América Latina que visa fomentar uma agenda política ambiental -, em 2018, a Austrália registou um total de 532 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono para a atmosfera.
Já o investigador Fernando Valadares, do Conselho Superior de Investigação Científica (CSIC) espanhol, referiu que, nestes meses, a área ardida na Austrália foi superior "a toda a última temporada de incêndios na Amazónia".
Segundo sublinha o investigador, estes são ainda dados preliminares, que deverão ser revistos em alta porque os incêndios vão continuar.
O nível de carbono libertado na atmosfera até agora é "arrepiante e [constitui um] recorde", disse Valladares, sublinhando que o valor ainda vai aumentar até porque "a época de fogos na Austrália só começou agora".
O ponto alto da época de incêndios na Austrália corresponde ao final de janeiro e início de fevereiro, já que é durante essa altura que "o calor e a seca são maiores", referiu o especialista em alterações climáticas.
Para este investigador, a extensão dos incêndios na Austrália chamou a atenção do mundo porque a cinzas e as manchas de aerossóis atravessaram o Pacífico e chegaram ao Chile e à Argentina, mas "dentro de pouco tempo, vão alcançar a atmosfera global do planeta".
Neste momento, "a Austrália tem algumas das áreas mais poluídas do mundo", afirmou Valladares, explicando que "muitas regiões próximas dos maiores focos [de incêndios] assemelham-se a Londres na era pré-industrial" por causa da névoa e do fumo constantes apesar de o sol estar no seu pleno.
"A atmosfera está muito poluída", uma situação, avisou, "tem um grande impacto na saúde humana".
O futuro do país, é, na sua opinião, incerto, porque "tudo indica que alguns limiares foram excedidos".
Ainda assim, admite, ao contrário da floresta amazónica, "os ecossistemas australianos estão muito acostumados a fogos", pelo que "muitas espécies de plantas, árvores e arbustos têm capacidades de semear muito altas".
O cenário na Austrália é "muito preocupante", considerou o investigador, alertando que a situação deveria ser alvo de uma reflexão séria, já que "a bacia do Mediterrâneo pode passar pela mesma situação" porque, "embora existam diferenças importantes, também há muitas analogias".