"Sou culpado", disse o antigo soldado profissional Miroslav Marcek, 37 anos, acusado por ser um dos executantes do assassínio de Kuciak e de sua namorada Martina Kusnirova - ambos de 27 anos e abatidos a tiro em casa a 21 de fevereiro de 2018 -, presumivelmente instigado pelo empresário Marián Kocner, também visado no inquérito do jornalista especializado em casos de corrupção.
O duplo assassínio motivou grandes manifestações contra o Governo do primeiro-ministro Robert Fico, que acabou por se demitir. O movimento abriu caminho à eleição para a Presidência eslovaca da advogada liberal Zuzana Caputová, em março de 2019.
Polícias encapuçados e armados asseguravam hoje a segurança no edifício do Tribunal penal especial, onde a audiência se iniciou na presença dos pais das duas vítimas.
Caos sejam considerados culpados, os indiciados podem ser condenados a penas de 25 anos ou a prisão perpétua.
Os restantes acusados são uma antiga intérprete de Kocner, Alena Zsuzsova, e Tomas Szabo, um outro presumível executante do crime.
Um quinto participante na operação, Zoltan Andrusko, que serviu de intermediário entre Kocner e Zsuzsova e os dois atiradores, concluiu um acordo com a justiça e foi condenado em dezembro a 15 anos de prisão durante um processo separado.
Marián Kocner, 56 anos, também indiciado por outras operações financeiras suspeitas e de fraude fiscal, era conhecido pela sua hostilidade face aos jornalistas, que tinha por hábito insultar e ameaçar.
A ata de acusação, que inclui 93 páginas e divulgada por diversos 'media' após uma fuga de informação, refere que Kocner, após não ter encontrado "nenhuma forma abjeta" para desacreditar o jornalista, "decidiu eliminá-lo fisicamente e desta forma impedir novas revelações sobre as suas atividades".