Cerca de 130 mil crianças palestinianas sem alimentos e medicamentos

Cerca de 130 mil crianças palestinianas com menos de dez anos têm falta de comida e de medicamentos devido à nova ofensiva militar israelita no norte de Gaza, declarou hoje a organização não-governamental Save the Children.

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© Moiz Salhi/Anadolu via Getty Images

Lusa
25/11/2024 10:58 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

A ONG sublinhou que as crianças estão retidas há 50 dias em zonas no norte do enclave que são praticamente inacessíveis ao pessoal humanitário.

 

As crianças não estão a receber alimentos ou medicamentos apesar dos avisos de várias instituições sobre a fome no enclave palestiniano, quando Israel é reiteradamente acusado de criar restrições à entrega de ajuda humanitária em Gaza.

A ONG afirmou que as crianças palestinianas que vivem nestas áreas estão quase totalmente privadas de alimentos, água e medicamentos desde 06 de outubro, quando Israel declarou a área encerrada diante de uma nova ofensiva terrestre, o que levou Comité de Revisão da Fome a afirmar que a fome é iminente ou já está a ocorrer.

A organização Save the Children especificou que não consegue entrar no norte de Gaza há mais de sete semanas para entregar pacotes de alimentos a 5.000 famílias, juntamente com 725 'kits' de higiene e outros suprimentos de ajuda humanitária. Anteriormente, tinha conseguido intervir através de parceiros locais para distribuir ajuda a cerca de 15.000 crianças.

A estas crianças, soma-se cerca de outras 10.000 que vivem em Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanun, que não receberam a segunda dose da vacina contra a poliomielite durante a recente campanha de vacinação.

Por todas estas razões, o diretor-geral da ONG no Médio Oriente, Jeremy Stoner, afirmou que a situação nesta área não é adequada para a sobrevivência humana.

"A ajuda humanitária atingiu o fundo do poço e a terrível situação no norte de Gaza é a ponta de um terrível icebergue", explicou Stoner.

Stoner apelou ao "acesso humanitário seguro e imediato" para que "os alimentos, a água, os suprimentos de inverno e a assistência médica cheguem às pessoas presas na área".

Já o Conselho Dinamarquês para os Refugiados (RDC) alertou para o risco que os dispositivos explosivos não ativados representam para a população de Gaza, especialmente quando esta vasculha os escombros dos edifícios destruídos pelos ataques de Israel para tentar encontrar roupas e outros artigos básicos.

A agência observou, num relatório, que os residentes de Gaza fogem constantemente de áreas de conflito ativo, regressando muitas vezes para áreas consideradas perigosas. Assim, 70% dos entrevistados pela ONG indicaram que regressaram a áreas que testemunharam combates ativos, o que aumenta o risco de encontrarem explosivos não ativados.

Assim, o RDC detalhou que a situação está a ser agravada pela falta de ajuda humanitária, que durante as últimas seis semanas desceu para 40 camiões por dia, muito abaixo dos 500 por dia registados antes do início da ofensiva israelita em 08 de outubro de 2023 no enclave palestiniano.

Como resultado, 58% dos entrevistados tiveram de vasculhar os escombros para encontrar bens e materiais, incluindo roupas para os seus filhos. Além disso, 23% destes afirmaram conhecer alguém que morreu ou foi ferido pela explosão destes aparelhos durante estas tarefas de recolha. Há também casos de crianças a brincar com estes aparelhos e de pessoas que os levaram por engano depois de os confundirem com lenha.

Leia Também: Governo israelita sanciona Haaretz após críticas sobre guerra em Gaza

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