"Reiteramos o nosso apelo ao Governo colombiano para aumentar os esforços e impedir ataques a pessoas que defendem os direitos fundamentais, investigar todos os casos e julgar os responsáveis pela violência e os seus instigadores", disse a porta-voz do Escritório, Marta Hurtado.
O Escritório da Alta Comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, está a verificar outros 13 casos possíveis de assassínios de ativistas no ano passado que, se confirmados, elevariam o número total de casos para 120, acima dos 115 registados em 2018.
A porta-voz disse em conferência de imprensa que, embora os números não sejam comparáveis aos que havia antes da assinatura dos acordos de paz em Havana, há um aumento preocupante no número de assassínios de ativistas nos últimos quatro anos, com 61 casos em 2016, 84 em 2017 e mais de cem em 2018 e em 2019.
Os autores desses ataques são de origens diversas, disse Hurtado, embora tenha enfatizado que muitos deles são grupos armados e grupos criminosos, algumas deles ligados ao narcotráfico, que ocuparam territórios onde guerrilheiros das FARC operavam anteriormente.
"A grande maioria dos assassínios ocorreu em áreas rurais, quase todas em cidades onde são realizadas atividades económicas ilegais e gangues criminosos ou grupos armados operam", disse, acrescentando que é comum estar em áreas com níveis de pobreza acima da média nacional.
Os assassínios ocorreram em 25 das 33 divisões administrativas do país, embora mais da metade esteja concentrada em quatro departamentos (Antioquia, Arauca, Cauca e Caquetá).
O grupo de ativistas de direitos humanos mais atacado foi o de defensores dos povos indígenas e da comunidade afro colombiana, disse a porta-voz.
Entre os fatores que levaram à violência, Hurtado citou "as dificuldades contínuas na aplicação dos Acordos de Paz, especialmente o desmantelamento de grupos paramilitares", bem como os conflitos quando há restituição de terras ou na execução de programas para substituir culturas ilegais.
O Escritório também pediu às autoridades colombianas que "aumentassem a presença de autoridades estaduais nas áreas rurais e prestassem serviços básicos como saúde e educação", aludindo ao facto de que a desigualdade social é uma das raízes da violência na Colômbia.