António Guterres também convidou as partes em confronto a confirmar a cessação das hostilidades, num relatório entregue ao Conselho de Segurança.
"Peço a todas as partes em confronto que consolidem rapidamente a cessação incondicional das hostilidades desenvolvidas sob os auspícios dos Presidentes da Rússia e da Turquia e que se comprometam construtivamente para esse fim, inclusive no processo de Berlim", escreveu Guterres nesse documento obtido pela agência de notícias France-Presse.
Em preparação para a conferência agendada para domingo em Berlim, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, anunciou hoje uma visita surpresa a Benghazi (leste da Líbia), afirmando antes da sua partida que uma "janela" foi aberta para pôr fim à interferência estrangeira no conflito.
"Espero que todas as partes aproveitem esta ocasião para colocar o futuro da Líbia nas mãos dos líbios", acrescentou Maas, que deve encontrar-se com o marechal Haftar, o homem forte do leste da Líbia, depois de se ter reunido na semana passada o chefe do Governo de Acordo Nacional (GAN), Fayez al-Sarraj, reconhecido pela ONU.
"Para isso, é necessária a disposição (de todos) de um verdadeiro cessar-fogo e a participação das duas partes em conflito no formato de diálogo proposto pelas Nações Unidas", salientou o chefe da diplomacia alemã, acrescentando que é "no interesse da população líbia".
A atividade diplomática sobre o processo da Líbia intensificou-se recentemente.
Hoje, o presidente do Conselho italiano, Giuseppe Conte, é esperado em Argel, capital da Argélia, para discutir com as autoridades deste país vizinho da Líbia "os esforços da comunidade internacional para conter o conflito (...) e trazê-lo a uma solução duradoura".
Esta conferência em Berlim acontece depois de negociações em Moscovo, sob a égide da Rússia e da Turquia, que culminaram num projeto de declaração de um cessar-fogo que deveria ter entrado em vigor no domingo passado.
A trégua deveria ter sido formalizada num acordo assinado em Moscovo pelas várias fações líbias, mas o marechal Khalifa Haftar, o homem forte do leste da Líbia, deixou a capital russa sem assinar o protocolo. A diplomacia russa referiu que o homem forte do leste da Líbia, que tenta derrubar o governo instalado em Tripoli, necessitava de uns dias para analisar a proposta de acordo.
País imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, a Líbia vive um cenário ainda mais crítico desde o início da ofensiva militar das forças do marechal Khalifa Haftar, que avançou em abril de 2019 contra Tripoli, a sede do Governo de Acordo Nacional líbio estabelecido em 2015 e reconhecido pela ONU.