Refugiados do Sudão do Sul não estão a diminuir apesar de avanços na paz

A organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou hoje que, apesar dos progressos no processo de paz no Sudão do Sul, não é verificável uma "diminuição significativa" do número de refugiados no vizinho Sudão.

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Lusa
03/02/2020 08:05 ‧ 03/02/2020 por Lusa

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MSF

 

"Apesar do contínuo processo de paz no Sudão do Sul, não houve uma diminuição significativa", advertiu, em comunicado, a organização MSF, sediada em Genebra, na Suíça.

Os Médicos Sem Fronteiras apontaram que do número de refugiados no Nilo Branco [província do Sudão], "muitos dizem que esperam regressar a casa, às suas vidas normais, mas preferem continuar no Sudão até que a situação acalme".

Segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), há cerca de 2,2 milhões de sul-sudaneses que abandonaram o seu país para países vizinhos devido à guerra civil que atingiu o Estado, cuja independência foi reconhecida em 2011.

A província do Nilo Branco acolhe 248.000 dos 861.000 sul-sudaneses que se encontram refugiados no Sudão.

No comunicado, a organização assinala ainda que há "grandes necessidades humanitárias" e de saúde nos campos de refugiados, destacando a falta de água potável, de alimentos ou de trabalhado remunerado e limites nas deslocações como os principais desafios ali enfrentados.

A MSF, que em dezembro estabeleceu um novo hospital com 85 camas no campo de refugiados de Al Kashafa, no Nilo Branco, refere que as "pobres e sobrelotadas condições de vida" são as causas das principais condições que afetam os sul-sudaneses, como "subnutrição, diarreia, infeções das vias respiratórias (como tuberculose), malária e doenças cutâneas".

Durante o ano passado, a MSF realizou 120.000 consultas em Al Kashafa, incluindo 670 partos.

Da mesma forma, a organização não-governamental (ONG) assinalou que as experiências em conflito, incluindo "o testemunho e o sofrimento por eventos violentos, aliados aos desafios de viver enquanto refugiados e à incerteza sobre o seu futuro, deixou muitos com problemas de saúde mental.

A MSF está no Sudão desde 1978, sendo que nos últimos anos as suas operações têm sido desenvolvidas em seis províncias.

O Sudão do Sul, com maioria de população cristã, obteve a sua independência ao separar-se do norte árabe e muçulmano em 2011, mas a partir do final de 2013 o país entrou num conflito civil, provocado pela rivalidade entre o Presidente, Salva Kiir, e o seu então vice-presidente, Riek Machar.

As partes formaram um Governo de unidade nacional em 2016, que caiu poucos meses após a formação devido a um reinício da violência, tendo essa sido a primeira tentativa de pacificação do jovem país africano.

O acordo para a criação de um Governo unitário com os rebeldes, aprovado em setembro, foi o mais recente de uma série de acordos entre o executivo de Salva Kiir e os rebeldes liderados por Machar desde o início da guerra civil.

Em cinco anos de conflito, estima-se que este tenha provocado a morte de 400 mil pessoas e levado a que quatro milhões ficassem deslocadas.

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