Detido grupo de terroristas de extrema-direita. Um deles era polícia

Operação policial aconteceu na Alemanha, na sexta-feira. Célula terrorista planeava ataques a políticos, refugiados e muçulmanos.

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© REUTERS/Ralph Orlowski

Anabela Sousa Dantas com Lusa
16/02/2020 19:15 ‧ 16/02/2020 por Anabela Sousa Dantas com Lusa

Mundo

Extrema-direita

As autoridades alemãs desmantelaram uma célula terrorista de extrema-direita, esta sexta-feira. Foram detidos doze homens - incluindo um polícia -, acusados de formação e apoio a uma rede terrorista de extrema-direita que planeava ataques em grande escala a políticos, refugiados e muçulmanos.

De acordo com o New York Times, estas detenções acontecem numa altura em que a Alemanha luta contra um pico de violência ao mesmo tempo que assiste à infiltração de membros de grupos de extrema-direita nas forças de segurança. As autoridades estão agora a dirigir os seus esforços para ameaças internas, depois de vários anos focadas nas ameaças do terrorismo islâmico.

"Precisamos de estar particularmente atentos e agir de forma decisiva contra esta ameaça", indicou a ministra da Justiça alemã, Christine Lambrecht, que fala numa "ameaça muito preocupante de extremismo e terrorismo de extrema-direita" na Alemanha.

Os membros do grupo de extrema-direita planeavam ataques em larga escala semelhantes aos atentados a mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, referiu a imprensa alemã. A revista Der Spiegel e o diário Bild divulgaram que o grupo de 12 homens detidos na sexta-feira, no âmbito de uma investigação de contraterrorismo, pretendia atacar locais de culto muçulmanos durante a oração.

Segundo o Ministério Público alemão o objetivo do grupo seria "iniciar uma guerra civil" no país.

O suposto líder do grupo, conhecido e vigiado pelas autoridades há vários meses, terá revelado detalhes dos planos a semana passada, numa reunião com os seus cúmplices. Os investigadores terão tido conhecimento através de um informador que se infiltrou no grupo, referem os dois jornais.

Os investigadores realizaram buscas em 13 locais distribuídos por cinco estados da região, tendo apreendido facas, bestas, granadas, uma espingarda e uma espingarda e uma pistola.

Dos 12 detidos quatro são suspeitos de terem formado "uma associação terrorista de extrema direita", enquanto os outros oito são suspeitos de terem fornecido apoio "financeiro" ou "assistência na obtenção de armas", segundo as autoridades.

Entre os suspeitos, todos de nacionalidade alemã, há um polícia da Renânia do Norte-Vestfália, que se encontra suspenso.

As autoridades alemãs dizem estar preocupadas com o terrorismo de movimentos de extrema-direita, desde o assassínio de um dirigente político alemão pró-imigração, em julho passado. Em outubro, um extremista de direita, negador do Holocausto, tentou atacar uma sinagoga em Halle, e apesar do massacre falhado disparou sobre um homem que passava.

Em Dresden, na antiga República Democrática Alemã, oito neonazis estão a ser julgados há quase cinco meses por planearem ataques contra estrangeiros e políticos.

Vários milhares de pessoas manifestaram-se este sábado em Erfurt, capital da Turíngia - território que pertenceu à antiga República Democrática Alemã (RDA) -, para protestar contra a extrema-direita no país. As faixas que traziam diziam "Não queremos o Quarto Reich" ou "Não queremos o poder a qualquer custo".

Recorde-se que, no início de fevereiro, um responsável de um pequeno partido liberal (FDP) foi eleito líder regional da Turíngia com a ajuda da extrema-direita, o que provocou grande agitação na política e na sociedade alemã. Thomas Kemmerich, do partido FDP, demitiu-se do cargo dias depois da sua eleição, devido aos protestos generalizados de vários partidos e organizações.

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