Covid-19: Egito, Argélia e África do Sul são países africanos em risco

O Egito, a Argélia e a África do Sul são os países africanos com maior risco de casos de coronavírus, apesar de serem também os melhor preparados no continente, segundo um estudo publicado hoje pela revista científica The Lancet.

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Lusa
19/02/2020 18:49 ‧ 19/02/2020 por Lusa

Mundo

Coronavírus

O documento refere ainda que os países em risco moderado (Nigéria, Etiópia, Sudão, Angola, Tanzânia, Gana e Quénia) estão menos preparados e, portanto, mais vulneráveis e precisam de apoio para ajudar na deteção e tratamento de casos importados do novo coronavírus (denominado Covid-19).

"O aumento de recursos, vigilância e capacitação deve ser urgentemente priorizado nos países africanos com risco moderado de importar novos casos da doença, pois estima-se que estes países estejam mal preparados para detetar casos e limitar a transmissão", pode ler-se na nota.

Estas posições resultam de um estudo publicado pela revista The Lancet que avalia a prontidão (ou seja, a capacidade do sistema de saúde) e a vulnerabilidade (condições demográficas, ambientais, socioeconómicas e políticas) dos países africanos, bem como a probabilidade de importar casos de Covid-19 da China.

Ainda assim, os autores afirmam que estes dados devem ser interpretados no seu contexto, porque estimam que o risco geral de importar casos de Covid-19 para África é menor do que para a Europa, mas que a capacidade de resposta e reação é mais limitada no continente africano.

Argélia, Etiópia, África do Sul e Nigéria foram incluídas nos 13 países prioritários identificados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com base nos vínculos diretos e volume de viagens à China, apesar do primeiro caso de Covid-19 no continente ter sido confirmado no Egito, a 14 de fevereiro.

A China é o principal parceiro comercial de África, com altos volumes de viagens entre os dois territórios.

Várias medidas já foram adotadas para impedir a importação de casos em vários países africanos. No entanto, limitar e controlar a transmissão após a importação requer medidas adicionais, como vigilância reforçada, identificação rápida de casos suspeitos, transferência e isolamento de pacientes, diagnóstico rápido, rastreamento e acompanhamento.

"Embora quase três quartos de todos os países africanos possuam um plano de preparação para uma pandemia de gripe, a maioria está desatualizada e é considerada inadequada para lidar com uma pandemia global", afirmou a autora do estudo, Vittoria Colizza, do Instituto francês de Saúde e Investigação Médica (Inserm) e da Universidade Sorbonne.

A investigadora prosseguiu dizendo que "apesar dos esforços para melhorar a capacidade de diagnóstico da OMS", há países que "não têm recursos para testar o vírus rapidamente", o que significa que os testes precisariam de ser feitos noutros países.

Vittoria Colizza referiu ainda que as consequências das recentes epidemias e pandemias (Gripe H1N1 ou Ébola) "destacaram a necessidade de reforçar as capacidades e infraestruturas nacionais de saúde pública", porque esses fatores são "a primeira linha de defesa em emergências de doenças infeciosas" e apelou ao envolvimento da comunidade internacional.

Os autores vincam que o estudo tem limitações, nomeadamente que só usaram dados de viagens aéreas, e que o risco de importação através de outras entradas, como portos marítimos, não foi avaliados.

O coronavírus Covid-19 provocou 1.873 mortos e infetou cerca de 73.400 pessoas a nível mundial.

A maioria dos casos ocorreu na China, onde a epidemia foi detetada no final de 2019, na província de Hubei, a mais afetada pela epidemia.

Além de 1.868 mortos na China continental, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão, um em França e um em Taiwan.

Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), há 45 casos confirmados na União Europeia e no Reino Unido.

Em Portugal, houve 11 casos suspeitos, mas em nenhum deles se confirmou infeção.

 

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