Defesa de Assange diz que Trump lhe prometeu perdão caso ilibasse Rússia

Um advogado de Julian Assange disse hoje que o fundador do WikiLeaks referiu, no âmbito do seu processo de extradição, que os EUA propuseram-lhe um perdão caso ilibasse a Rússia de envolvimento na divulgação de emails dos democratas em 2016.

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Lusa
19/02/2020 20:22 ‧ 19/02/2020 por Lusa

Mundo

Julian Assange

Assange confronta-se com uma eventual extradição para os Estados Unidos sob a acusação de espionagem, e o processo está agendado para a próxima segunda-feira num tribunal de Londres.

No decurso hoje de uma audiência preliminar, o advogado Edward Fitzgerald referiu que em agosto de 2017, o então congressista republicano Dana Rohrabacher visitou Assange na embaixada do Equador em Londres.

Fitzgerald recorreu ao testemunho de Jennifer Robinson, outra advogada de Assange, onde assinala "que Rohrabacher visitou Assange e lhe disse, após instruções do Presidente [Donald Trump] que lhe oferecia o perdão ou alguma saída, caso Assange (...) referisse que a Rússia nada teve a ver com as fugas do DNC", numa referência ao Comité Nacional Democrata no decurso da campanha para as presidenciais em 2016, segundo informou a agência britânica Press Association (PA).

A juíza considerou que esta prova era admissível, indicou a agência noticiosa AFP.

Os serviços de informações norte-americanos consideraram que os emails democratas foram extraídos por "piratas informáticos" russos no âmbito da campanha de Moscovo para influenciar as presidenciais norte-americanas, onde Donald Trump enfrentava a sua rival democrata Hillary Clinton.

Em 2016, num momento decisivo da campanha, a WikiLeaks divulgou milhares de emails do Partido Democrata e da equipa de Hillary Clinton, que contribuíram para desacreditar a candidata.

O australiano de 48 anos, detido na prisão londrina de alta segurança de Belmarsh, é reclamado por Washington, que acusa Assange de ter colocado em perigo algumas das suas fontes na sequência da publicação em 2010 de 250.000 mensagens diplomáticas e cerca de 500.000 documentos confidenciais sobre as atividades do exército dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão.

Assange já recebeu o apoio de jornais como o The Guardian, The New York Times e de ONG como os Repórteres sem Fronteiras (RSF) e Amnistia Internacional (AI).

Detido inicialmente no Reino Unido a pedido da Suécia devido a um alegado caso de violação, entretanto arquivado, Assange passou os últimos dez anos confinado, primeiro sob prisão domiciliária e de seguida como refugiado, na embaixada do Equador em Londres, que em 2019 lhe retirou o asilo político.

Em maio de 2019 os Estados Unidos pediram ao Reino Unido a sua extradição por 18 presumíveis delitos de espionagem e conspiração por cometer ingerência informática, e arrisca 175 anos de prisão caso seja considerado culpado.

 

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