Dois jornalistas mortos e vários feridos em ataque de gangues no Haiti

Pelo menos dois jornalistas foram mortos e vários ficaram feridos na terça-feira num tiroteio provocado por gangues durante a tentativa de reabertura de um dos principais hospitais da capital haitiana, Porto Príncipe.

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Lusa
25/12/2024 01:06 ‧ há 11 horas por Lusa

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Haiti

"Markenzy Nathoux e Jimmy Jean foram mortos esta terça-feira, 24 de dezembro, durante o ataque de bandidos da coligação 'Viv ansanm' (Viver Juntos) no momento da reabertura do hospital HUEH (Hospital da Universidade do Estado do Haiti)", disse à AFP Robest Dimanche, porta-voz do Coletivo de Media Online (Cmel).

 

Outros jornalistas estão feridos e a ser tratados noutro hospital público em Delmas, na região metropolitana de Porto Príncipe, adiantou.

Vários meios de comunicação locais noticiaram também a morte de um polícia e muitos feridos, mas a AFP não conseguiu confirmar de imediato a informação.

Segundo informações iniciais, os membros dos gangues abriram fogo para impedir a cerimónia de reabertura do HUEH, também conhecido por Hospital Geral. Muitos jornalistas estavam presentes para cobrir o evento.

O hospital estava encerrado desde 29 de fevereiro, após ter sido atacado por membros dos gangues da coligação "Viv ansanm".

Edgard Leblanc Fils, presidente do Conselho Presidencial de Transição do Haiti, afirmou que os acontecimentos de terça-feira no Hospital Geral "são inaceitáveis".

Inúmeras imagens de feridos a sangrar, à espera de socorro no hospital, circularam durante o dia nas redes sociais.

A coligação de gangues "Viv ansanm" incendiou na semana passada o estabelecimento privado Bernard Mevs, outro importante centro hospitalar de Porto Príncipe, destruindo grande parte do hospital, mas sem causar vítimas.

O Haiti, um país caribenho pobre, enfrenta violência endémica de gangues armados e instabilidade política.

O ataque de terça-feira ocorre entre crescente insegurança na capital, onde os ataques de gangues se repetem em vários bairros há mais de um mês.

No início de dezembro, pelo menos 207 pessoas foram mortas por ordem do poderoso líder de um gangue contra praticantes do culto vudu, segundo a ONU.

A chegada este Verão de uma missão multinacional de apoio à polícia haitiana, liderada pelo Quénia e apoiada pela ONU e pelos Estados Unidos, não permitiu reduzir a violência dos grupos armados, acusados de numerosos assassinatos, violações, pilhagens e raptos.

Estes últimos atacam também sedes de instituições e provocaram nomeadamente o encerramento do aeroporto da capital em Novembro.

Devido ao ressurgimento da insegurança e ao aumento de massacres perpetrados por bandos armados contra a população civil, o Governo haitiano anunciou na semana passada um decreto de estado de emergência até 21 de janeiro.

A decisão tem como objetivo "facilitar as várias intervenções da Polícia (Nacional Haitiana) na luta contra a insegurança e fazer face à crise agrícola e alimentar no país".

O Conselho de Ministros criou ainda um Conselho Nacional de Segurança (CNS) para "responder aos diferentes aspetos da crise de segurança que assola o país", e para cumprir os requisitos do acordo de 03 de abril de 2024 para uma "transição pacífica e ordeira".

Leia Também: Haiti decreta estado de emergência de domingo até 21 de janeiro

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