Numa intervenção hoje no parlamento autónomo, em Holyrood, defendeu a necessidade de passar da fase de tentar conter o vírus para uma destinada a retardá-lo, aconselhando o cancelamento de eventos com mais de 500 pessoas a partir da próxima semana.
"O parecer científico diz que o cancelamento de grandes eventos não terá, por si só, um impacto significativo na redução da propagação do vírus. Claro que isso não significa que não terá impacto", vincou.
Surgeon argumentou que a necessidade de segurança por parte de polícia e de ambulâncias em eventos públicos como concertos estão a ocupar meios necessários e a aumentar a pressão sobre os serviços de emergência.
"No momento em que precisamos reduzir as pressões sobre esses trabalhadores da linha de frente, a fim de libertá-los para se centrarem no desafio significativo que temos pela frente, acho que é inapropriado continuarmos normalmente", justificou.
No balanço feito hoje, as autoridades escocesas confirmaram a existência de 60 casos positivos entre 2.892 pessoas testadas.
No Reino Unido em geral, o número de pacientes infetados subiu para 590 entre 29.764 pessoas testadas, tendo oito morrido, duas das quais após as 9:00 horas, até quando as estatísticas diárias são recolhidas.
A situação do Covid-19 no país está a ser avaliada hoje numa reunião de emergência conduzida pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, com outros membros do governo, especialistas e representantes de várias entidades, incluindo das diferentes regiões autónomas, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales, estes por teleconferência.
O governo britânico deverá avaliar se deve ativar a segunda fase do plano de combate ao surto do novo coronavírus Covid-19, apelidada de Retardamento, para tentar atrasar a sua propagação.
A fase de Retardamento tem como objetivo controlar o pico do número de casos para os serviços de saúde conseguirem tratar os casos mais graves, reduzindo o impacto durante a temporada do inverno, quando os hospitais estão sob pressão devido aos casos normais de gripe.
As medidas possíveis para aquela fase são o encerramento de escolas, imposição de limites ou cancelamento de eventos de grande dimensão, restrições à circulação e estímulo ao trabalho remoto a partir de casa.
Até agora, apesar da iniciativa de organizações de cancelarem eventos como Feira do Livro de Londres, as autoridades britânicas não estão a proibir a sua realização, mantendo jogos de futebol, ao contrário do que acontece em países como Itália ou Espanha.
Ainda assim, o jogo entre Arsenal e Manchester City previsto para terça-feira foi cancelado por alguns jogadores do clube londrino estarem em auto-isolamento.
O plano do governo para o novo coronavírus prevê medidas como "estratégias de distanciamento da população, como o encerramento de escolas, incentivo a um maior trabalho a partir de casa e redução do número de eventos de grande dimensão".
As medidas visam "proteger indivíduos vulneráveis com problemas de saúde que, portanto, correm maior risco de serem seriamente afetados pela doença", mas também refere que "a eficácia dessas ações precisará de ser equilibrada relativamente ao impacto na sociedade. "
O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
O número de infetados ultrapassou as 125 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto.