Fechar fronteiras "não é melhor forma para conter surto", diz CE

A Comissão Europeia alertou hoje que o encerramento de fronteiras, já adotado em alguns países da União Europeia (UE), "não é a melhor forma" de conter a propagação do Covid-19, por afetar a distribuição de equipamentos médicos e bens.

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Lusa
16/03/2020 11:57 ‧ 16/03/2020 por Lusa

Mundo

Comissão Europeia

"A posição da Comissão, com base na informação que temos, é que o vírus já está presente em todos os Estados-membros e, por isso, fechar fronteiras não é necessariamente a melhor forma de assegurar que vamos conter a propagação do surto na UE", declarou o porta-voz do executivo comunitário Eric Mamer.

Falando na conferência de imprensa diária do executivo comunitário, em Bruxelas, o porta-voz observou que "a questão não é a visão [da Comissão] sobre essas políticas, é como é que se assegura que, tendo em conta as medidas anunciadas por um largo número de Estados-membros, se continuam a atingir objetivos como [...] garantir que os hospitais, os pacientes e os sistemas de saúde recebem o apoio necessário e que os bens continuam a fluir no mercado".

"Ao mesmo tempo, reconhecemos que os Estados-membros têm vindo a atuar consoante a informação de que dispõem e a fazer o que consideram ser necessário no contexto das suas responsabilidades para melhor proteger a saúde dos seus cidadãos", adiantou Eric Mamer.

Países como Alemanha, República Checa, Chipre, Dinamarca, Letónia, Lituânia, Polónia e Eslováquia já anunciaram que iriam fechar as fronteiras para tentar conter o surto de Covid-19, isto apesar de a UE, e nomeadamente no âmbito do acordo para o Espaço Schengen, prever uma livre circulação de pessoas e bens.

Também devido ao surto de Covid-19, a Comissão Europeia disponibilizou hoje uma caixa de correio para os jornalistas acreditados em Bruxelas colocarem as suas questões, evitando assim que se desloquem à sala das conferências de imprensa diárias, dadas as recomendações para o distanciamento social.

Por isso, uma parte das questões foi realizada à distância.

Na ocasião, Eric Mamer anunciou ainda que o vice-presidente da Comissão Europeia Frans Timmermans está em quarentena voluntária após ter estado reunido há dias com a secretária de Estado francesa para a transição ecológica, Brune Poirson, que acusou positivo no teste de Covid 19.

Ainda assim, de acordo com o porta-voz, Frans Timmermans "está bem de saúde e não apresenta nenhum sintoma".

Esta manhã, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou que os chefes de Estado e de Governo da UE vão voltar a reunir-se, por videoconferência, na terça-feira, para continuar a discutir a resposta ao surto de Covid-19.

E ainda hoje realizam-se, por videoconferência, uma reunião de ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo), alargada aos países que não têm a moeda única, centrada na resposta económica ao surto, que ameaça mergulhar a Europa na recessão, e também dos ministros do Interior e da Saúde dos 27, mais focada na gestão das fronteiras.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19, detetado em dezembro passado na China, já provocou mais de 6.500 mortos em todo o mundo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o epicentro da pandemia deslocou-se da China para a Europa, onde se situa o segundo caso mais grave, o da Itália, que anunciou no domingo 368 novas mortes nas últimas 24 horas, elevando para mais de 1.800 o número de vítimas mortais no país.

O número de infetados a nível mundial ronda as 170 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 148 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infetados, mais de 77 mil recuperaram.

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