"Temos de melhorar essa situação de quarentena. Foi precipitado. Foi cedo. Ficou uma situação do tipo: 'Entramos e agora como é que saímos?'", afirmou em conferência de imprensa Luiz Henrique Mandetta, acrescentando que a quarentena é um "remédio amargo".
Segundo o governante, há outras alternativas que podem ser impostas, como a "redução da mobilidade urbana" ou restrições por bairros.
"Quarentena sem prazo determinado para terminar torna-se numa parede para a necessidade das pessoas que precisam de sair, porque isso faz parte da própria sobrevivência. As questões económicas são importantíssimas e fazem parte das declarações feitas pelo Presidente [do Brasil, Jair Bolsonaro]", defendeu o ministro.
Em causa está o apelo feito na noite de terça-feira pelo chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, que pediu às autoridades estaduais e municipais a reabertura de escolas e comércio, e o fim do "confinamento em massa".
"Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o encerramento do comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas?", questionou Jair Bolsonaro, sublinhando que o país deve "voltar à normalidade".
Naquela que foi a sua terceira mensagem ao país sobre o novo coronavírus, transmitida na rádio e televisão, Bolsonaro declarou que a vida "tem de continuar" e que a situação "passará em breve".
Contudo, as declarações de Bolsonaro contrariam as recomendações do seu próprio Governo.
Na sua página da internet, o Ministério da Saúde brasileiro aconselha a população a evitar aglomerações e a reduzir as deslocações para o trabalho, defendendo o "trabalho remoto" e a "antecipação de férias em instituições de ensino", especialmente em regiões com transmissão comunitária do vírus, ou seja, quando já não conseguem identificar a trajetória de infeção.
O pronunciamento de Bolsonaro causou polémica nas classes médica e política, que condenaram o seu discurso.
Na conferência de imprensa, na qual informou que o Brasil tem hoje 57 mortos e 2.433 infetados pelo novo coronavírus, Luiz Henrique Mandetta frisou que permanecerá no cargo de ministro, defendendo o posicionamento de Jair Bolsonaro.
"Vou deixar muito claro: eu saio daqui na hora que acharem que eu não devo trabalhar, na hora que o Presidente achar, porque foi ele que me nomeou. Ou saio se eu estiver doente, o que é possível, ou no momento em que eu achar que esse período todo de turbulência já tenha passado e que eu possa não ser mais útil. Nesse momento de crise agora, eu vou trabalhar ao máximo", garantiu o governante.
Mandetta defendeu ainda a manutenção da atividade económica no Brasil, frisando que é uma das maiores preocupações do atual executivo.
"Eu sou de um estado agrícola. Nós temos safra para colher, uma safra daqui a pouco para plantar e sem alimento não adianta lutar, porque quem está a segurar a economia desse país é o agronegócio. (...) Eu vejo nesse sentido a grande colaboração da fala do Presidente. Chamar a atenção de todos que é preciso pensar na economia", advogou o ministro da Saúde.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 20.000.
O Brasil regista hoje 57 mortos e 2.433 infetados pelo novo coronavírus.