"A China está pronta para continuar a partilhar, sem reservas, informação e experiências com os Estados Unidos", disse Xi Jinping, segundo a televisão estatal CCTV, numa mensagem de apaziguamento após uma crise diplomática entre Pequim e Washington, marcada por trocas de acusações.
Desde que o surto do novo coronavírus se alastrou, Trump intensificou as críticas à China, acusando regularmente as autoridades chinesas de não terem comunicado dados cruciais sobre a gravidade do vírus nas semanas iniciais.
Segundo Xi Jinping, a China "não perdeu tempo" e "partilhou imediatamente a composição genética do vírus com os Estados Unidos e com a Organização Mundial da Saúde" (OMS).
"Só uma resposta coletiva da comunidade internacional pode ganhar esta batalha", afirmou Xi, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua.
O líder chinês pediu ainda à aceleração da cooperação e investigação científica à escala global para derrotar um inimigo que "não distingue etnias" e é "comum à humanidade".
Trump e o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, referiram frequente ao novo coronavírus como "vírus chinês", provocando a indignação de Pequim.
O Governo chinês acusou Trump de "fugir às suas responsabilidades" e vários diplomatas chineses partilharam teorias da conspiração através da rede social Twitter, bloqueada na China, a defender que o vírus foi introduzido no país por militares norte-americanos, apesar da ausência de evidências cientificas.
A conversa telefónica realizada hoje entre os dois chefes de Estado teve um tom conciliatório.
Xi Jinping lembrou que a cooperação é a "única boa decisão" num momento "particularmente crucial" nas relações entre os dois países.
"Espero que o lado americano tome medidas concretas para melhorar as relações bilaterais", disse o Presidente chinês, apontando a venda e doação de equipamento médico aos Estados Unidos, que são já o país com mais casos diagnosticados de infeção.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 505 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 23.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com quase 275.000 infetados e 16.000 mortos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 8.165 mortos em 80.539 casos registados até hoje.
A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.340 casos (mais de 74 mil recuperados) e regista 3.292 mortes.
Os países mais afetados a seguir à Itália, Espanha e China são o Irão, com 2.234 mortes reportadas (29.406 casos), a França, com 1.696 mortes (29.155 casos), e os Estados Unidos, com 1.178 mortes.
Os Estados Unidos tornaram-se quinta-feira o país com mais casos de infeções no mundo, ultrapassando Itália e a China, com mais de 85 mil casos.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.