A tomar medidas algo contraditórias no que concerne à forma de abordar a pandemia de novo coronavírus, o Brasil vive momentos de incerteza relativamente a que comportamento adotar em relação a esta doença.
Porém, olhando apenas para os dados estatísticos, tal como noticia o jornal Globo, teme-se que o caminho percorrido pela nação presidida por Jair Bolsonaro seja em tudo semelhante ao percurso realizado até ao caos que se vive em Itália.
Após um mês de epidemia, a taxa de aumento diário no número de casos entre pessoas no Brasil encontra-se em torno dos 30%, nível que, defende o jornal Globo, é "preocupante, e similar ao que o país europeu viu nas primeiras semanas".
Avaliar uma tendência estatística no início de uma epidemia, lembra a referida publicação, é sempre um processo complexo. Há muitos casos não confirmados e muita variação percentual, mas a inclinação da curva pandémica permite verificar progressões semelhantes entre regiões distintas.
Itália, foi, diga-se, exemplo usado por Jair Bolsonaro para minorizar eventuais consequências da chegada do vírus ao Brasil.
"Espalharam exatamente a sensação de pavor, tendo como carro-chefe o anúncio do grande número de vítimas na Itália: um país com grande número de idosos e com um clima totalmente diferente do nosso. O cenário perfeito, potencializado pelos media, para que uma verdadeira histeria se espalhasse pelo nosso país", afirmou o presidente brasileiro na passada terça-feira.
Com proporções da sua pirâmide etária bem distintas, com Itália a ter, segundo o ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, cerca de 30% de população idosa, o Brasil, por seu lado, tem apenas 14% da sua população neste estrato etário.
Porém, por outro lado, passados 30 dias desde a confirmação do primeiro caso, o Brasil regista mais casos (2.985) do que o verificado em semelhante período em Itália (1.128).
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