"Esta pandemia traz o melhor, mas infelizmente também o pior da humanidade. Com um grande número de pessoas a trabalhar a partir casa e, geralmente, com sistemas de segurança desatualizados, os cibercriminosos aproveitam-se dessa situação", denuncia a diretora executiva da Europol, Catherine De Bolle, num relatório hoje publicado.
No documento, que tem por base dados recolhidos pelas autoridades dos Estados-membros da União Europeia (UE) desde o início do surto, em final de janeiro passado, e até agora, a responsável alerta "indivíduos, empresas, instituições públicas e outras organizações para estas atividades criminosas".
"Gostaria de chamar especial atenção para os mais vulneráveis entre essas vítimas e devo dizer que estou muito preocupada com o aumento do abuso sexual de menores 'online'", aponta Catherine De Bole, garantindo que a Europol está a "investir recursos e conhecimentos para apoiar os Estados-membros no combate à criminalidade na internet perante esta situação difícil".
No relatório, a polícia europeia destaca que "o impacto da pandemia no crime cibernético tem sido a face mais visível e impressionante em comparação com outras atividades criminosas", referindo que "os criminosos se conseguiram adaptar rapidamente e atingir as ansiedades e medos das suas vítimas".
Em concreto, segundo a Europol, estão a ser lançadas campanhas de 'phishing' (tentativas de obtenção de dados pessoais para fraude) e de 'ransomware' (bloqueios introduzidos nos computadores para extorsão) para explorar a crise atual, esperando-se que este tipo de atividades criminosos "aumentar em dimensão e escala".
Acresce um aumento da exploração sexual infantil 'online', relatado por polícias de Estados-membros como Espanha, entidades segundo as quais os criminosos se estão a aproveitar de "crianças isoladas e vulneráveis a nível emocional por meio de coerção e extorsão sexual".
No que toca às chamadas 'fake news', a Europol relata um "aumento da proliferação de desinformação em torno da covid-19, com consequências potencialmente prejudiciais à saúde pública e à comunicação eficaz de crises".
"Alguns atores estatais e apoiados pelo Estado procuram explorar a crise de saúde pública para promover interesses geopolíticos, muitas vezes desafiando diretamente a credibilidade da UE e dos seus parceiros", adianta este serviço de polícia.
A Europol faz ainda uma referência à "parte obscura da internet", que se prende com a hospedagem de algumas plataformas de venda para bens e serviços ilícitos, adiantando que também nesta área se observou uma "adaptação a produtos relacionadas com a covid-19".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 51 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 190.000 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 525 mil infetados e mais de 37 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos.