"Estão a deixar-nos para morrer": O grito de desespero dos equatorianos
Equador está a ser fortemente afetado pela pandemia de Covid-19, multiplicando-se o número de casos e mortos. Falta de resposta das autoridades governativas está a gerar desespero entre a população que acusa do Governo de estar a deixar os seus cidadãos morrerem sem qualquer auxílio.
© Reuters
Mundo Reportagem Guardian
Com o mundo a viver uma pandemia sem precedentes, as respostas dos diferentes Estados vão sendo um diferentes um pouco por toda a parte. Porém, no Equador, com as unidades médicas completamente 'arrasadas', o problema sanitário continua a desmultiplicar-se em diversos âmbitos.
Sem resposta hospitalar à altura, muitos cidadãos têm perdido familiares que, sem cuidados médicos, sucumbem onde estão.
Os corpos amontoam-se nas ruas, nas casas... e por vezes passam dias sem que sejam removidos do sítio onde 'caíram', gerando, como é óbvio, acrescidos problemas morais mas também de saúde.
"As autoridades estão simplesmente a deixar-nos morrer", conta Eduardo Javier Barrezueta Chávez, homem de 33 anos que viu o seu pai, de 57, falecer há três dias, em casa, sem auxílio médico, mas que ainda não conseguiu receber qualquer resposta das autoridades.
Depois de cinco dias a sentir sintomas ligeiros, Eduardo levou o seu pai a um hospital local. Depois de uma radiografia aos pulmões, o diagnóstico foi confirmado: pneumonia. Porém, com a lotação do hospital atingida, a recomendação foi que ambos se deslocam-se para as suas residências, com Eduardo a ter de administrar paracetamol ao pai que morreria dias depois sem conseguir lutar, por meios próprios, contra a doença.
Com temperaturas, por vezes, a superar os 30.º, muitos são os corpos que se podem ver em vídeos e fotografias partilhadas nas redes sociais, abandonas ou com os familiares a terem de conviver de perto com entes queridos que já perderam a vida.
"Estão a deixá-los [os corpos] nas ruas, no pavimento ou abandonados em casa. O que se passa com Guayaquil", escreveu, há dias, Cynthia Viteri, mayor da cidade.
Fernando Jiménez, dono de uma funerária, fechou recentemente a atividade, isto porque os cemitérios já não asseguram espaço para tantos corpos que necessitam de ser sepultados. "Houve tanta procura que simplesmente não conseguimos gerir as coisas. A situação está verdadeiramente fora de controlo", contou este agente funerário ao The Guardian.
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