O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, que se tornou numa das faces do combate à pandemia de Covid-19, denunciou esta segunda-feira o que considerou terem sido “afirmações racistas” de dois cientistas franceses que sugeriram na semana passada que os testes à vacina para o novo coronavírus deviam decorrer em África.
De acordo com a Associated Press, durante a conferência de imprensa diária desta segunda-feira Tedros Ghebreyesus, que é de nacionalidade etíope e é o primeiro líder da OMS proveniente de um país africano, ressalvou que “África não pode e não vai ser um campo de testes para qualquer vacina”.
“A ressaca de uma mentalidade colonial tem de parar e a OMS não vai permitir que isto aconteça. Foi uma vergonha, na realidade, e chocante ouvir em pleno século XXI este tipo de afirmação por parte de cientistas”, referiu o diretor-geral da OMS.
Na passada quarta-feira, durante um programa na estação televisiva LCI, Jean-Paul Mira, que trabalha no conceituado Cochin Hospital, em Paris, evocou a possibilidade dos testes para uma vacina serem realizados em África.
“Se posso ser provocador, não devíamos fazer este estudo em África, onde não há máscaras, não há tratamento, não há reanimação?”, indagou Mira. Camille Locht, microbiologista e outro dos convidados do programa, concordou com a ideia de Mira.
Jean-Paul Mira já pediu desculpas pelos seus comentários.