Segundo anunciaram os ministros franceses da Economia, Bruno Le Maire, e das Contas Públicas, Gerald Darmanin, assumindo que a retoma económica deve ser lenta, o Governo prevê uma queda de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) já este ano, o que levou Paris a aumentar de 45.000 milhões para 100.000 milhões de euros as verbas destinadas a apoiar as empresas e os trabalhadores.
"Trata-se da maior recessão em França desde 1945. Ainda desconhecemos todas as variáveis e esta previsão [de uma queda de 6% no PIB] ainda poderá subir, tudo dependendo da duração do confinamento e da forma de dele sair", assumiu Bruno Le Maire, lembrando as 10.869 mortes registados entre os quase 113 mil casos de infeção recenseados em França com o novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19.
O confinamento, iniciado a 17 de março, será prolongado até 15 deste mês, e cada semana de restrição à circulação tem repercussões em cadeia na economia.
"O impacto económico é massivo, muito negativo e brutal. Vai gerar em França, como em todo o mundo, um choque económico que ninguém imagina. Mas ainda desconhecemos qual a totalidade desse impacto", assumiu quarta-feira o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe.
Para enfrentar a atual e inédita crise sanitária e económica, o Presidente francês, Emmanuel Macron, avançou com a "palavra de ordem": o governo apoiará as empresas e os trabalhadores "custe o que custar".
Face à necessidade de apoiar o crescimento económico das empresas, o Governo vai mais do que duplicar o plano de emergência de 45.000 milhões de euros anunciados em março.
Os 100.000 milhões de euros, indicou hoje Bruno Le Maire, vão ajudar a combater os efeitos de mais de metade do desemprego parcial -- 20.000 milhões de euros em vez dos 8.500 milhões iniciais.
O Fundo de Solidariedade criado para as microempresas viu a dotação aumentar de mil milhões para seis milhões de euros para se responder ao aumento dos pedidos de apoio.
O projeto de orçamento retificativo prevê igualmente que o "envelope de despesas excecionais" que segue para a área da Saúde passe de dois mil milhões para sete mil milhões de euros.
Consequência da recessão prevista de 6% e do reforço das medidas de apoio à economia, o défice público vai subir para 7,6% do PIB e a dívida pública vai "explodir" para 112%, acentuaram os dois ministros.
"Essa dívida responde a um imperativo: evitar a falência das empresas e o naufrágio da nossa economia", sustentou Bruno Le Maire, realçando que o orçamento retificativo, consagrado apenas à emergência, não integra ainda as medidas para o relançamento da economia após o fim da crise, que será definido mais tarde.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 89 mil.
Dos casos de infeção, mais de 312 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 787 mil infetados e mais de 62 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos.
Depois de Itália e Espanha, França é dos países mais afetados, com 10.869 mortos (112.950 casos).