África tem menos de 5 mil camas de cuidados intensivos para Covid-19
A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse hoje que o número total de camas disponíveis em unidades de cuidados intensivos (UCI) para o combate à pandemia em 43 dos 54 países de África é inferior a 5.000.
© Lusa
Mundo Covid-19
"Trata-se de cerca de cinco camas por um milhão de pessoas nos países, em comparação com 4.000 camas por milhão de pessoas na Europa", afirmou a OMS num comunicado emitido hoje.
Além disso, a agência das Nações Unidas advertiu que 41 países africanos comunicaram que têm menos de 2.000 ventiladores funcionais nos serviços de saúde pública.
Um outro relatório também divulgado hoje pelo Comité Internacional de Salvamento (IRC, na sigla em inglês) revelou uma grave escassez de ventiladores e de camas em unidades de cuidados intensivos em países frágeis ou com crises humanitárias, incluindo Estados africanos.
O Sudão do Sul, onde 22% das instalações de saúde estão em pleno funcionamento, de acordo com a Save the Children, tem apenas quatro ventiladores e 24 camas de UCI, disse o IRC.
O Burkina Faso, que também sofre de uma grave crise humanitária devido aos recorrentes ataques jihadistas, tem apenas 11, de acordo com o IRC.
E, segundo a mesma organização, a Serra Leoa tem 13 ventiladores, a República Centro-Africana tem três ventiladores e a Somália tem 15 camas para cuidados intensivos.
A OMS está preocupada com o facto de a propagação comunitária já existir em pelo menos 16 países do continente e, à medida que o número de casos de covid-19 em África continua a aumentar, mais países estão a verificar que o novo coronavírus está a propagar-se para outras regiões dos seus territórios, além das capitais, onde o contágio começou através de viajantes.
"A resolução de casos em zonas rurais, que muitas vezes carecem dos recursos dos centros urbanos, constituirá um enorme desafio para os sistemas de saúde africanos, que já se encontram sob pressão", afirmou hoje a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti.
Contudo, a OMS continua a acreditar que "a contenção ainda é possível", porque há menos de 100 casos confirmados de covid-19 em 34 dos países de África.
"Se continuarem a fazer uma deteção precoce e intervenções fortes e abrangentes em torno de cada caso, podem evitar uma maior propagação da covid-19", afirmou a OMS na declaração escrita.
Líderes do continente, como o chefe de Estado da África do Sul, Cyril Ramaphosa, ou o atual Presidente da União Africana, o egípcio Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, apelaram à comunidade internacional para que tome medidas de solidariedade e apoio financeiro à África, que necessita, segundo os seus Ministros das Finanças, de 100 mil milhões de dólares para travar a batalha contra a pandemia.
Desde 14 de fevereiro, quando o primeiro caso foi confirmado no continente africano (o de um cidadão chinês, no Egipto), o novo coronavírus provocou 572 mortos em África e registou 11.400 casos em 52 países, enquanto 1.313 pessoas já recuperaram, de acordo com os mais recentes dados sobre a pandemia da covid-19 no continente.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 89 mil.
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