Um enfermeiro nova-iorquino recorreu às redes sociais para chamar a atenção para um outro drama que atinge muitos dos doentes graves de Covid-19 nos Estados Unidos: o custo dos cuidados de saúde.
Derrick Smith, enfermeiro num hospital de Nova Iorque, a zona mais afetada nos Estados Unidos, indicou ter agora percebido que, além da doença, existe uma outra realidade "muito mais aterradora".
"As últimas palavras que nunca esquecerei", disse, revelando as últimas palavras de doente de Covid-19, quando estava prestes a receber o ventilador. "Quem vai pagar isso?", inquiriu o homem, a muito custo, por causa dos problemas respiratórios.
"[O paciente] estava com problemas respiratórios graves, tinha dificuldade em falar, mas, mesmo assim, a sua principal preocupação era quem iria pagar o procedimento que poderia ajudá-lo a viver", explicou o profissional de saúde.
Sabendo que o paciente não tinha grandes hipóteses de sobreviver, Derrick e os colegas ligaram à mulher para que se pudessem despedir. De acordo com o enfermeiro, grande parte dos doentes graves de Covid-19 que são colocados com ventilador morrem, sendo a taxa de mortalidade nestes doentes de 80%.
Ainda que o enfermeiro admita não saber se o paciente sobreviveu, sublinha que isso seria "muito improvável". Definiu o incidente como "a pior coisa, de longe", que alguma vez viu nos seus 12 anos a trabalhar em unidade de cuidados intensivos.
Os Estados Unidos, recorde-se, são o país mais afetado pela pandemia da Covid-19, com 19.701 mortos, ultrapassando a Itália, segundo dados divulgados hoje pela Universidade Johns Hopkins. De acordo com as últimas atualizações, há ainda a registar 515 mil casos de infeções confirmados nos Estados Unidos, que se tornam o foco central da pandemia a nível global.