Quarentena atrasa em dois meses obras na catedral de Notre Dame

A remoção dos cerca de 500 mil andaimes que acabaram por se fundir com a parte central da catedral de Notre Dame no incêndio de 2019 deveria iniciar-se em março, mas foi adiada devido à quarentena pelo covid-19.

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Lusa
14/04/2020 11:30 ‧ 14/04/2020 por Lusa

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França

 

A quarentena foi prorrogada pelas autoridades francesas, para já, até ao próximo dia 11 de maio.

"Nós não estamos a dormir, peço constantemente as opiniões de todos. [...] E mesmo que as obras estejam adormecidas durante dois meses, num total de 68 meses [tempo total da obra] devemos conseguir absorver este período", assegurou recentemente o general Jean-Louis Georgelin, antigo chefe do Estado-maior das Forças Armadas francesas à agência France-Presse.

Georgelin foi nomeado pelo Presidente Emmanuel Macron para "supervisionar os procedimentos e as obras" na catedral logo a seguir ao incêndio e o seu gabinete depende diretamente do Palácio do Eliseu.

Católico e "homem de autoridade", como se apresenta, tem dirigido as operações no local.

A data de reabertura da catedral foi apontada para 16 de abril de 2024, uma meta em risco devido à imposição do confinamento que impediu o início das obras e permite apenas visitas semanais ao local para assegurar a segurança da estrutura.

Mas a quarentena não foi o primeiro percalço. Após o rescaldo do incêndio, em abril do ano passado, a estabilização do edifício e a proteção contra as intempéries, as obras estiveram suspensas durante o verão de 2019 devido à presença de chumbo no local, uma operação de descontaminação que se estendeu ao resto da Île de la Cité, onde se situa a catedral.

Mesmo com os atrasos, as principais figuras dos esforços de renovação da catedral de Notre Dame, mantêm um calendário otimista.

Philippe Villeneuve, arquiteto-chefe da obra, pretende consolidar as abóbadas até ao próximo outono e os trabalhos de restauro, segundo o general Georgelin, devem começar em 2021.

A celebração nesta Sexta-feira Santa, que juntou na semana passada um pequeno grupo na catedral e foi transmitida em direto na televisão francesa, foi "uma mensagem de esperança".

"Há uma catedral que foi destruída, hoje o país sente-se aterrorizado por uma pandemia. Mas há sempre uma mensagem de esperança e esta celebração é isso mesmo", assegurou o arcebispo de Paris, Michel Aupetit.

Para além das palavras do arcebispo e da exposição da Coroa de Espinhos, adquirida por S. Luís para a catedral no século XIII, a celebração foi acompanhada violinista Renaud Capuçon e pelos atores Philippe Torreton e Judith Chemla, que fizeram leituras e entoaram cânticos.

Um ano após o incêndio, a polícia científica tem três teorias sobre o que terá provocado o incêndio: uma beata de cigarro mal apagada, um curto-circuito no sistema elétrico dos sinos da flecha [pináculo] ou o mau funcionamento do elevador instalado nos andaimes que tinham sido colocados para restaurar a flecha. As investigações ainda continuam e, para já, não há uma causa certificada.

Sem local de exposição permanente, o tesouro da catedral de Notre Dame, que foi recuperado intacto e transferido para o Museu do Louvre, deveria ser exposto no Hôtel-Dieu a partir de junho de 2020.

Este edifico, na mesma praça onde está a catedral, acolhe também um hospital e é um dos edifícios emblemáticos desta parte da cidade. No entanto, devido à pandemia e à proibição da abertura de locais com alta concentração de pessoas como museus ou cinemas até julho, a exposição deverá ser adiada.

Até agora, três fundações - a Fundação Notre-Dame, a Fundação do Património e a Fundação de França - já recolheram perto de mil milhões de euros para financiar as obras de renovação da catedral, com doações individuais provenientes de mais de 350 mil pessoas, assim como de grandes empresas francesas.

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