O escritor Rubem Fonseca morreu, ao início da tarde desta quarta-feira, dia 15 de abril, aos 94 anos, vítima de um enfarte, avança a imprensa brasileira.
De acordo com o site G1, o artista ainda foi transportado para uma unidade hospitalar do Rio de Janeiro, mas acabou por não sobreviver.
Autor de livros como 'Feliz Ano Novo' (1976) e 'O Cobrador' (1979) e 'A Grande Arte' (1983), Rubem Fonseca foi distinguido com o Prémio Camões, em 2003, o mais importante prémio literário da língua portuguesa, e recebeu também, por seis vezes, o Prémio Jabuti, o principal galardão da literatura, no Brasil.
Em 2015 recebeu o Prémio Machado de Assis, da Academias Brasileira de Letras (ABL), pelo conjunto da sua obra. Em 2012, esteve em Portugal para receber o Prémio Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim, e em Lisboa, onde o município lhe entregou a Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro. No mesmo ano, foi distinguido com o Prémio Iberoamericano de Narrativa Manuel Rojas.
O escritor era apontado pela crítica como "o maior contista brasileiro da segunda metade do século XX".
'Carne crua', o seu mais recente livro de contos inéditos, foi editado em 2018.
Contudo, antes de entrar no universo da literatura, o escritor, nascido em Juiz de Fora, município no interior do estado de Minas Gerais, formou-se em Direito e construiu uma carreira de seis anos na polícia civil, como comissário.
Fonseca viria a estrear-se na literatura em 1963, com o livro de contos 'Os Prisioneiros'.
O escritor brasileiro venceu cinco vezes o prémio Jabuti na categoria de Contos e Crónicas, pelos livros 'Lúcia McCartney' (1969), 'O Buraco na Parede' (1995), 'Secreções, Excreções e Desatinos' (2001), 'Pequenas Criaturas' (2002) e 'Amálgama' (2014).
Na categoria de Romance, o nonagenário venceu apenas uma vez, com 'A Grande Arte' (1983).
Em 2015, quando foi distinguido com o Prémio Machado de Assis, a Academia considerou "Rubem Fonseca um dos mais importantes ficcionistas contemporâneos brasileiros", que "exerceu profunda influência na cena literária brasileira, inaugurando a tendência que Alfredo Bosi chama de 'brutalista'".
"Consagrou-se pela sua narrativa nervosa e ágil, ao mesmo tempo clássica e moderna, entre o realismo e o policial, revelando a violência urbana brasileira, sem perder o olhar sensível para a tragédia humana a ela subjacente, a solidão das grandes cidades ou para os matizes do erotismo. Seu estilo contido, irónico e cortante, ao mesmo tempo denota um leitor dos clássicos e um ouvido atento ao falar das ruas em seu tempo", descreveu ainda a ABL.
Conhecido também pela sua reclusão, e consequente recusa a dar entrevistas, Rubem Fonseca viveu a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro, tornando-se numa das figuras da cidade.
Em 2012, quando esteve em Lisboa para receber a Medalha de Mérito Municipal, afirmou que "mais importante que esta grande honraria é o estar em Portugal", terra de todos os seus antecessores.
Num curto discurso, nos Paços do Concelho de Lisboa, o autor de 'O Cobrador' disse que, juntamente com o irmão, foram os primeiros brasileiros de uma família portuguesa onde, em casa, o quotidiano era marcadamente português.
"Em casa falávamos português, minha mãe só cozinhava comida portuguesa e a biblioteca do meu pai era só de autores portugueses", disse na ocasião.
À Lusa, o escritor, autor de 'A Grande Arte' declarou emocionado: "Sempre que venho aqui [a Portugal] a minha alegria é redobrada e a felicidade que sinto é muito grande".