Antigo governador dos bancos centrais canadiano e britânico, Carney, de 59 anos, um estreante na política, foi eleito líder do Partido Liberal por uma larga maioria no domingo, substituindo Justin Trudeau, que anunciou a sua demissão no início de janeiro, após quase dez anos no poder.
A cerimónia de tomada de posse do futuro primeiro-ministro e do seu Governo terá lugar na sexta-feira, às 11h00 em Otava (15h00 em Lisboa), perante o governador-geral, anunciou hoje o gabinete deste representante do rei Carlos III.
A transição ocorre numa altura em que o país vive uma crise sem precedentes na sua história: o presidente norte-americano Donald Trump iniciou uma guerra comercial ao impor taxas alfandegárias sobre os produtos canadianos e tem dito constantemente que quer que o Canadá se torne o 51.º Estado norte-americano.
Imediatamente após a sua vitória, Mark Carney posicionou-se contra Donald Trump, garantindo num discurso ofensivo que o seu país vencerá e "nunca fará parte dos Estados Unidos, de forma alguma".
O novo primeiro-ministro do Canadá já tinha destacado hoje que está pronto para se reunir com o Presidente dos EUA Donald Trump, se este respeitar a soberania canadiana e estiver aberto a conversar sobre uma abordagem comum ao comércio.
Carney falou aos jornalistas numa fábrica de aço em Hamilton, Ontário, depois de Trump ter aumentado oficialmente as tarifas sobre todas as importações de aço e alumínio para 25%.
O Canadá é o maior fornecedor estrangeiro de aço e alumínio para os EUA.
O novo governante canadiano disse que os trabalhadores de ambos os países estarão em melhor situação quando "a maior parceria económica e de segurança do mundo for renovada, relançada".
E acrescentou que respeita as preocupações de Trump com os trabalhadores norte-americanos e com o fentanil.
O Canadá respondeu com as suas próprias contramedidas. O país planeia impor tarifas de retaliação de 29,8 mil milhões de dólares canadianos (20,7 mil milhões de dólares) a partir de quinta-feira, em resposta aos impostos dos EUA sobre os metais.
As novas tarifas do Canadá seriam sobre produtos de aço e alumínio, bem como sobre produtos dos EUA, incluindo computadores, equipamento desportivo e esquentadores, no valor de 14,2 mil milhões de dólares canadianos (9,9 mil milhões de dólares).
"Não queremos fazer isto porque acreditamos em fronteiras abertas e num comércio livre e justo, mas estamos a fazê-lo em resposta", frisou Carney.
As novas tarifas do Canadá são adicionais às suas contratarifas de 25% sobre 30 mil milhões de dólares canadianos (20,8 mil milhões de dólares) em importações dos EUA, que foram postas em prática em 04 de março em resposta a outros impostos de importação de Trump que ele atrasou parcialmente um mês.
A ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Mélanie Joly, sublinhou hoje que esta é a segunda ronda de tarifas injustificadas impostas ao Canadá.
"A desculpa para a primeira ronda [de tarifas] foram alegações exageradas sobre a nossa fronteira. Abordámos todas as preocupações levantadas pelos EUA", garantiu Joly.
"A última desculpa é a segurança nacional, apesar de o aço e o alumínio do Canadá aumentarem a segurança da América. Entretanto, existe ainda uma ameaça de tarifas mais amplas e adicionais a 02 de abril", acrescentou.
Carney poderá não permanecer no cargo durante muito tempo, uma vez que o Canadá precisa de realizar eleições até outubro, no máximo, e os analistas estão mesmo a prever que seja convocada uma votação nas próximas semanas.
Para já, os conservadores de Pierre Poilievre lideram as intenções de voto.
[Notícia atualizada às 23h54]
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