A Rússia ajudou este mês a Itália, numa missão humanitária que envolveu aviões e pessoal militar no transporte de equipamento médico, para o combate à propagação do novo coronavírus, que já provocou mais de 20 mil mortes neste país que é o centro da pandemia na Europa.
Durante essa operação, a imprensa estrangeira fez eco de preocupações de autoridades militares europeias sobre os reais intuitos da ajuda militar russa, com o Governo de Moscovo a reiterar que apenas pretendia auxiliar humanitariamente um país em dificuldades.
Numa teleconferência de imprensa, que a Lusa acompanhou, o comandante supremo aliado da NATO na Europa admitiu hoje que está "muito atento" às manobras de ajuda humanitária da Rússia em Itália, mas não respondeu à pergunta dos jornalistas sobre se considerava que essas operações constituem um risco para a segurança europeia.
"Estou atento às manobras russas em Itália. Estou muito atento. Mas a responsabilidade da sua autorização cabe ao Governo italiano", disse o general norte-americano que é também comandante do Comando Europeu dos Estados Unidos na Europa.
Tod Walters manifestou ainda a sua "profunda insatisfação" com a divulgação, nos meios de comunicação social e nas redes digitais sociais, de informações falsas sobre a dimensão da cooperação russa na Europa.
O comandante supremo da NATO na Europa disse que se trata de um "fenómeno grave e preocupante" e que cabe à Aliança Atlântica combater as 'fake news' com transparência e verdade.
"Estou profundamente insatisfeito com essa realidade. O que podemos fazer é contrapor às 'fake news' factos e verdades", disse Wolters, explicando a estratégia da NATO perante esta ameaça informacional.
"Dizer a verdade faz parte do sistema democrático", reiterou o general norte-americano, dizendo haver da parte da NATO um compromisso "firme" com a "verdade e a transparência", sobretudo em períodos críticos como aquele que os países membros da organização atravessam, por causa da pandemia.
Tod Wolters disse que as forças da NATO estão a ajustar as suas operações em todo o mundo, devido à crise sanitária, mas reforçou a ideia de que esse reajustamento não coloca em causa as missões fundamentais da organização de "dissuasão e proteção".
"O nosso compromisso de dissuasão e de proteção serão sempre mantidos, apesar do esforço de adaptação à situação de crise", explicou o comandante da NATO na Europa, na resposta à questão sobre se a Aliança Atlântica iria responder ao apelo de Moscovo, para uma diminuição dos exercícios militares na Europa.
"Estamos a procurar ajudar com as nossas missões os nossos aliados europeus, mas não abdicamos da nossa vocação de dissuasão e de proteção dos europeus", reforçou Wolters, referindo-se a operações da NATO que têm permitido levar ajuda humanitária a diversos países, nomeadamente com o transporte de equipamento médico para locais críticos, em Itália, Luxemburgo e Roménia.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 629 pessoas das 18.841 registadas como infetadas.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.