"A curto prazo, em termos de conselhos de viagem sobre se devem marcar as férias, claramente as pessoas devem querer ver qual é a trajetória desta doença nas próximas semanas", afirmou, numa entrevista à BBC Radio 4.
O ministro lembrou que, embora existam sinais de que o número de casos de contágio e de mortes está a desacelerar no Reino Unido, ainda não começaram a decrescer claramente para que se possa antever um regresso à normalidade.
"Eu não vou reservar férias de verão nesta altura", vincou, a título de conselho aos britânicos.
A associação dos promotores de turismo britânicos (ABTA) qualificou as declarações de "insensatas" e potencialmente prejudiciais para a indústria.
"Foi um comentário insensato e sem base em factos acerca do que sabemos hoje sobre o futuro da pandemia", acusou o presidente executivo, Mark Tanzer.
Na sua opinião, "mostra total desconsideração pela indústria de viagens do Reino Unido, pelas centenas de milhares de pessoas que emprega e pelas dificuldades que está a enfrentar nesta crise atual. Seria melhor que o governo se concentrasse em tomar as medidas necessárias para apoiar o setor, em vez de prejudicar a confiança".
O Reino Unido é o principal mercado emissor de turistas para Portugal, tendo representado 19,2% das dormidas de estrangeiros em 2019 e vindo a registar sucessivos crescimentos desde 2013, apenas interrompidos em 2018, de acordo com dados do INE.
Os destinos preferenciais dos hóspedes britânicos foram o Algarve (63,4% das dormidas do mercado), a Madeira (18,5%) e a Área Metropolitana de Lisboa (10,8%).
O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico mantém desde meados de março um conselho por tempo indefinido contra "todas as viagens não essenciais em todo o mundo" devido à crise causada pelo coronavírus Covid-19, mas continuam a circular aviões entre Portugal e o Reino Unido com serviços reduzidos.
O governo britânico anunciou na quinta-feira que vai prolongar por pelo menos mais três semanas o regime de confinamento obrigatório, que só permite às pessoas saírem de casa para a compra de bens essenciais, como alimentos ou medicamentos, fazer exercício, ajudar pessoas vulneráveis ou trabalhar, se não for possível fazê-lo remotamente.
O Reino Unido registou 13.729 mortos em 103.093 pessoas infetadas durante a pandemia covid-19, de acordo com a atualização dos dados feita na quinta-feira pelo Ministério da Saúde britânico.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 145 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 629 pessoas das 18.841 registadas como infetadas.