"Durante três meses da pandemia [de coronavírus], daremos um pequeno, mas significativo, apoio aos nossos médicos, enfermeiras e trabalhadores dos hospitais, para que possam proteger os venezuelanos e salvar vidas", disse o líder da oposição venezuelana aos jornalistas.
Guaidó explicou que a bonificação conta com o apoio e financiamento da comunidade internacional e que vai ser atribuída através de um mecanismo que anunciará em breve.
"Com esforço, horas de trabalho e a confiança da comunidade internacional, encontrámos a maneira de conseguir, com os poucos recursos que pudemos recuperar e proteger da ditadura, realizar o maior aporte possível durante esta pandemia", disse.
Segundo Juan Guaidó, é inevitável uma transição na Venezuela, país onde as pessoas estão em casa, em quarentena, "com o estômago vazio, e os médicos e enfermeiras não têm nem como chegar ao hospital ou alimentar as famílias".
O aporte será feito "de maneira direta" através de "uma carteira virtual que desenvolveremos com a Organização de Estados Americanos".
Juan Guaidó considerou, ainda, que durante a pandemia os Governos devem proteger quem cuida dos que adoecem, pois sem eles não seria possível enfrentar a crise nem salvar vidas.
O apoio será atribuído com prévia inscrição e independentemente da ideologia política do beneficiário.
"Não somos ingénuos. Para a ditadura, a sua gente não importa. Como tentaram bloquear a teleconsulta de atenção médica gratuita (criada pela oposição) para os mais vulneráveis, tentarão sabotar isto, pelo que vamos tomar medidas de segurança para (proteger) os beneficiários deste apoio", precisou.
Segundo Juan Guaidó, a "profundidade" da crise na Venezuela "é demasiado grande" e é preciso "evitar uma catástrofe humanitária", o que só é possível "com o apoio e financiamento internacional".
O salário mínimo mensal na Venezuela é de aproximadamente 450 mil bolívares soberanos (3,30 euros à taxa oficial) com todos os subsídios incluídos.
Segundo a imprensa local, os profissionais da saúde pública local ganham mensalmente pouco mais que o salário mínimo mensal, num país onde 30 ovos de galinha custam em média 620 mil bolívares soberanos (4,53 euros) e um pão de baguete custa mais de 50 mil (0,36 euros).
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2001, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou assumir publicamente as funções de presidente interino do país, para afastar Nicolás Maduro do poder, formar um governo de transição e convocar eleições livres e democráticas no país.
Na Venezuela estão oficialmente confirmados 204 casos de pessoas infetadas e nove mortes associadas ao novo coronavírus.
A Venezuela está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia.
O estado de alerta foi decretado por 30 dias e prolongado por igual período.
Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.
Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena e impedidos de circular livremente entre os vários estados do país.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 150 mil mortos e infetou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 483 mil doentes foram considerados curados.
A covid-19 é provocada por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.