OMS agradece trabalho feito por ministro exonerado por Bolsonaro

A Organização Mundial de Saúde (OMS) agradeceu hoje o trabalho desenvolvido por Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde brasileiro, exonerado na quinta-feira pelo Presidente do país, Jair Bolsonaro, acrescentando que está a ajudar o Brasil na pandemia.

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Lusa
17/04/2020 23:11 ‧ 17/04/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

"Nós estamos cientes de que o Presidente do Brasil trocou o seu ministro da Saúde. Eu gostaria de agradecer ao ministro [Mandetta] pelo serviço dele ao povo", afirmou o diretor de programas de emergência da OMS, Michael Ryan, em declarações à TV Globo.

Bolsonaro exonerou na quinta-feira Luiz Henrique Mandetta, após várias semanas de confronto entre ambos em relação ao isolamento como medida para evitar a propagação do novo coronavírus.

O isolamento social é uma das medidas recomendadas pela OMS para enfrentar a pandemia da covid-19, e foi defendida por Mandetta, contrariando a posição de Bolsonaro, que teme que a medida resulte em consequências negativas para a economia do país.

Para o lugar de Mandetta, que é médico ortopedista, Bolsonaro nomeou o oncologista Nelson Teich, que tomou hoje posse, comprometendo-se a trabalhar para salvar vidas e também a ajudar o Governo a preservar a economia do país, fortemente atingida pela pandemia da covid-19.

A Globo questionou ainda se a OMS estaria preocupada com a situação do Brasil face à pandemia, ao qual Michael Ryan respondeu estar a ajudar o país, desde janeiro, a conseguir testes para o novo coronavírus.

"A OPAS [Organização Pan-Americana da Saúde], o nosso escritório regional nas Américas, tem apoiado o Brasil, em preparação e resposta à covid-19, desde janeiro. E tem ajudado o Brasil a comprar milhões de testes PCR [sigla para reação em cadeia da polimerase, que é o teste mais complexo à covid-19] para expandir a capacidade diagnóstica. A primeira leva [de testes] deve chegar na semana que vem", anunciou Ryan.

"Nós queremos focar em fornecer apoio técnico, operacional e científico ao Brasil, através da OPAS, e fazer isso consistentemente, sem falhas, em apoio ao Brasil e a todos os países da América do Sul e Central, e das Américas como um todo", acrescentou o diretor de programas emergências.

A OMS enviou ainda um recado a todos os governos, para que "tomem decisões baseadas em evidências".

"É essencial que, não só o Brasil, mas todos os governos, tomem decisões baseadas em evidências e tenham uma resposta do Governo inteiro e da sociedade inteira ao responder à pandemia de Covid-19. (...) Todos temos o dever de proteger nossas populações mais vulneráveis", concluiu Ryan.

Na sua saída do Ministério, Luiz Henrique Mandetta defendeu a ciência como única solução para travar a pandemia.

Jair Bolsonaro, que chegou a referir-se à covid-19 como uma "gripezinha" e "histeria", voltou a defender hoje a reabertura do comércio e das fronteiras, reconhecendo que corre o "risco" de ser responsabilizado caso a propagação do novo coronavírus piore.

Desde que a pandemia chegou ao país, o chefe de Estado já chegou a pedir publicamente à população que volte ao trabalho e às ruas, por estar preocupado com as consequências económicas da crise, especialmente o desemprego.

Além disso, o chefe de Estado brasileiro desafiou, várias vezes, as recomendações das autoridades de saúde, fazendo esporadicamente passeios por Brasília, subestimando a gravidade da doença.

O Brasil atingiu hoje um recorde diário de 217 mortos e 3.257 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, totalizando 2.141 óbitos e 33.682 infetados desde o início da pandemia, informou o executivo.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 150 mil mortos e infetou mais de 2,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 483 mil doentes foram considerados curados.

 

 

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