O ministro dos Assuntos Constitucionais, Europeus e Política Externa da Escócia, Michael Russell, considera "imprudente" que o governo britânico mantenha os planos de abandonar permanentemente o bloco até o final do ano dado que o país está a atravessar uma "crise sem precedentes"
"O Governo do Reino Unido está a avançar nas negociações sem envolver adequadamente o governo escocês ou levando em consideração as nossas opiniões. A economia escocesa não pode aguentar o golpe duplo da covid-19 e a crescente probabilidade de uma ausência de acordo, ou, na melhor das hipóteses, um acordo para um 'Brexit' rígido dentro de menos de nove meses", argumentou.
O Reino Unido e a União Europeia (UE) retomaram hoje por videoconferência as negociações sobre a futura relação após a saída do Reino Unido da UE a 31 de janeiro, à qual o governo escocês sempre opôs.
O governo britânico mantém-se determinado em não prolongar o período de transição, tendo o negociador-chefe, David Frost, declarado na semana passada que rejeitaria uma extensão do prazo, mesmo se fosse Bruxelas a pedi-la.
Uma extensão, argumentou, "iria simplesmente prolongar negociações, criar ainda mais incerteza, deixar-nos sujeitos a pagar mais à UE no futuro, e manter-nos limitados pelas leis em evolução numa altura em que precisamos de controlar os nossos assuntos".
O 'Brexit' foi rejeitado por 62% dos escoceses no referendo de 2016, contrariando a tendência nacional de 52% a favor da saída do Reino Unido da UE.
Após as eleições legislativas, quando o Partido Nacionalista Escocês (SNP) elegeu 48 dos 59 deputados representantes da região, a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, reivindicou o direito a repetir um referendo sobre a independência, mas o pedido foi recusado por Boris Johnson.
Estão previstas mais duas rondas de negociações sobre o pós-Brexit com a duração de uma semana entre Londres e Bruxelas em 11 de maio e uma final em 01 de junho.
O prazo para pedir uma extensão do período de transição, que pode ser de um ou dois anos, é 31 de junho.