Li Zehua, jornalista que reportou diretamente a partir da linha da frente do combate à pandemia em Wuhan e que acusou a China de tentar encobrir os primeiros casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, reapareceu, esta quarta-feira, após uma ausência de quase dois meses.
A última aparição pública do repórter remontava a 26 de fevereiro, quando transmitiu, em direto para as redes sociais, durante largas horas, o vídeo em causa que terminou com o próprio a dizer que estava a ser perseguido por um SUV branco.
O carro terá, então, parado à frente do de Li Zehua, com os ocupantes a ordenar que este abandonasse o veículo. Uma ordem à qual não obedeceu, tendo acabado por conseguir fugir para casa, onde estavam vários polícias à civil que o procuravam.
Já em casa, o jornalista manteve as luzes desligadas de forma a que a sua presença não fosse notada, mas, após cerca de três horas, três homens entraram no seu apartamento e detiveram-no, acusando-o de perturbar a ordem pública.
Li Zehua terá, então, passado cerca de um mês em quarentena forçada em Wuhan, onde teve direito a três refeições por dia e a ver apenas a CCTV, estação televisiva pública chinesa, sob forte vigilância policial. Um cenário que durou até 28 de março, quando foi libertado.
"Durante todo este tempo, a polícia agiu de forma civilizada e legal, certificando-se de que tinha direito a descanso e comida. Importaram-se, verdadeiramente, comigo", afirmou o jornalista, que tem permanecido com a família desde então, num vídeo publicado no Youtube.