A lidar com uma pandemia sem precedentes nos tempos recentes, os sistemas de saúde de diversos países arriscam ficar à beira do colapso completo. Nos países menos desenvolvidos este impacto é sentido com mais força, sendo que muitas vezes há relatos de abandono, inclusivamente, de corpos na via pública.
Um relato semelhante foi feito à agência AFP por um profissional de saúde de um hospital em Guayaquil, no Equador, onde por falta de espaço na morgue os corpos dos falecidos por Covid-19 já são armazenados em casas de banho.
Segundo o explicado por este profissional, não tendo outra forma de guardar os corpos, estes são envoltos em mortalhas de lençol, esperando depois uma oportunidade para serem então autopsiados e alvo de cerimónias fúnebres.
"Os doentes estão sozinhos, deprimidos, a medicação causa-lhes danos gastrointestinais, eles sentem-se mal e temem quando veem que o paciente ao lado começa a ter falta de ar e a gritar que precisa de oxigénio", explicou à referida agência este médico.
"A equipa da morgue não estava a dar conta [do número de óbitos] e o que nos restou fazer, muitas vezes, foi cobrir os corpos e acumulá-los nas casas de banho", explicou este enfermeiro de 35 anos.
"Toda a gente fugiu. A equipa administrativa colocou-se num local seguro. Os psicólogos que deveriam estar a trabalhar fugiram (...), os 32 dentistas que deveriam estar ajudando (...) a fazer os registos também...", terminou.
Relembre-se que o Equador tem oficialmente 22.700 infectados, desde 29 de fevereiro, a grande parte em Guayaquil.