Bangladesh pede ao Reino Unido para resgatar 500 rohingyas de Bengala

O Governo do Bangladesh pediu hoje ao Reino Unido que envie um navio da Marinha Real britânica para resgatar os cerca de 500 rohingyas que permanecem presos em dois barcos de pesca na baía de Bengala, depois de serem rejeitados pela Malásia.

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Lusa
28/04/2020 12:28 ‧ 28/04/2020 por Lusa

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O pedido foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Bangladesh, AK Abdul Momen, durante uma conversa telefónica com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros britânico para o Sul da Ásia e a Comunidade das Nações, Tariq Mahmood Ahmad, que havia solicitado ao Bangladesh que recebesse os dois barcos de pesca.

"Apesar dos seus recursos limitados, o Bangladesh mostrou humanidade ao receber 1,1 milhões de rohingyas. Comparado a isso, 500 rohingyas são muito poucos. Eles não estão atualmente no território de Bangladesh", argumentou o ministro Momen, citado num comunicado divulgado pelo seu gabinete.

"Embora o Bangladesh tenha sido solicitado a abrigá-los por razões humanitárias, nenhum pedido semelhante foi feito a algum outro país da região", criticou o ministro bengali, enfatizando que "a responsabilidade de proteger os rohingyas também recai sobre os outros países".

O ministro do Bangladesh disse ainda que outros países do mundo, especialmente os mais desenvolvidos, deveriam abrigar a minoria muçulmana que foge da perseguição do exército de Myanmar.

Grupos de direitos humanos alertaram para a situação dos dois barcos de pesca na baía de Bengala, no Oceano Índico, que ficaram presos após serem rejeitados pelas autoridades da Malásia.

Momen também criticou esses grupos por não "levantarem a voz" da mesma maneira contra uma suposta nova operação militar em andamento no estado de Rakhine, no sudoeste de Myanmar, de onde vem a maioria dos rohingyas, na fronteira com o Bangladesh.

Em 25 de abril, a organização Human Rights Watch (HRW) pediu às autoridades do Bangladesh que permitissem que os rohingyas presos em ambos os barcos de pesca entrassem no país e que lhes dessem água, comida e assistência médica.

"O Bangladesh carrega um fardo pesado sobre os ombros como resultado dos crimes hediondos do exército birmanês, mas isso não é desculpa para deixar os barcos dos refugiados no mar aguardar a morte", disse o diretor da organização HRW para a Ásia, Brad Adams.

As autoridades do país asiático já resgataram 396 refugiados rohingyas em 15 de abril, que também foram rejeitados pela Malásia. Após 58 dias no mar, 28 pessoas morreram, conforme foi relatado, na ocasião, pela guarda costeira do Bangladesh.

A maioria dos rohingyas havia deixado os campos de refugiados do Bangladesh, onde cerca de 738.000 membros dessa minoria estão desde que fugiram de Myanmar, após a onda de perseguição e violência a esta minoria desencadeada em agosto de 2017 e que a ONU descreveu como um exemplo de limpeza étnica e possível genocídio.

Alguns dos rohingyas tentam chegar a outros países da região para tentar uma vida melhor, escapando de barco pela baía de Bengala e pelo mar de Andamão.

Pelo menos 15 outros rohingyas afogaram-se quando o navio em que estavam naufragou, em fevereiro, perto da costa do Bangladesh.

 

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