Na sexta-feira, o regulador do medicamento norte-americano emitiu uma "autorização de emergência" para tratar com Remdesivir os doentes com covid-19 mais graves, apesar de estudos científicos realçarem que a sua eficácia não é clara para o tratamento da doença respiratória aguda, provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2.
O medicamento foi desenvolvido pela multinacional farmacêutica norte-americana Gilead Sciences para tratar doenças como Ébola e Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS), esta última também causada por um coronavírus, mas diferente do da covid-19.
Segundo o conselheiro delegado da farmacêutica, Daniel O'Day, que falava à cadeia televisiva CBS News, o medicamento chegará aos doentes no início da próxima semana, cabendo à administração norte-americana aferir que cidades são mais vulneráveis e quem mais precisa do fármaco.
O laboratório disponibilizou ao governo norte-americano 1,5 milhões de frascos de Remdesivir que tinha em reserva, mas pretende exportar o medicamento para países que aprovem o seu uso para o tratamento da covid-19.
A possibilidade de exportar parte dos tratamentos cedidos aos Estados Unidos consta do acordo estabelecido entre a farmacêutica e a Casa Branca.
Daniel O'Day adiantou que o 'stock' de frascos permite fazer 100 mil a 200 mil tratamentos, consoante o medicamento é administrado durante cinco ou dez dias.
O antiviral poderá ser injetado nos doentes com covid-19 que estão internados nos hospitais em estado grave, situação que o regulador do medicamento norte-americano define como a necessidade de assistência para respirar.
A farmacêutica está a analisar a hipótese de desenvolver formas de administração subcutânea ou inalada do medicamento, para que possa ser utilizado por mais doentes, além dos mais graves e hospitalizados.
O uso do Remdesivir foi autorizado para o tratamento da covid-19, uma vez que tem ajudado na recuperação de alguns doentes, de acordo com os resultados de um ensaio clínico recente.
O medicamento é indicado em Portugal pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para tratar doentes com covid-19 mais graves que estão internados nas unidades de cuidados intensivos hospitalares.
Atualmente, não existe nenhum medicamento direcionado para a covid-19.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia da covid-19 já provocou mais de 243 mil mortos e infetou mais de 3,4 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.043 pessoas das 25.282 confirmadas como infetadas, havendo 1.689 casos recuperados, de acordo com o boletim diário da DGS, hoje divulgado.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (66.385) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,1 milhões).
A covid-19, doença respiratória aguda que pode causar pneumonias e se manifesta por febre, tosse persistente e dificuldade em respirar, é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.