Myanmar. Rebeldes preparam-se para entregar cidade a militares

Um grupo rebelde étnico birmanês prepara-se para entregar uma cidade estratégica no nordeste do estado de Shan às autoridades militares de Myanmar, ao abrigo de um acordo mediado por Pequim, declarou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiro chinês.

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© ZAW HTUN/AFP via Getty Images

Lusa
22/04/2025 12:00 ‧ há 3 horas por Lusa

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Myanmar

"Através de um convite conjunto dos dois lados, a China enviou recentemente uma equipa para Lashio, em Myanmar (ex-Birmânia), para monitorar a aplicação do cessar-fogo entre os militares de Myanmar e o MNDAA e para testemunhar a transferência tranquila e ordenada da área urbana de Lashio", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Guo Jiakun, numa conferência de imprensa.

 

Em agosto de 2024, os combatentes do Exército da Aliança Democrática Nacional de Myanmar (MNDAA, na sigla em inglês) tomaram o controlo de Lashio, situação que foi considerada um grande revés para a junta militar birmanesa, que tomou o poder através de um golpe de Estado em fevereiro de 2021 e destitui um governo democraticamente eleito liderado por Aung San Suu Kyi - prémio Nobel da Paz 1991.

Guo sublinhou que "a manutenção da paz e da estabilidade no norte do Myanmar é do interesse fundamental de ambos os países e dos seus povos" e que a China "respeita a soberania nacional e a integridade territorial do Myanmar".

"A equipa foi enviada de acordo com os desejos e apelos de todas as partes relevantes", disse Guo, acrescentando que ambas as partes "expressaram o seu apreço e gratidão pelo papel construtivo da China".

"A China continuará a promover o processo de paz de Kunming, a apoiar os esforços de diálogo entre as partes beligerantes e a trabalhar em conjunto com todos os setores do Myanmar para salvaguardar a paz e a estabilidade nas relações bilaterais e na região", acrescentou o porta-voz.

O MNDAA não comentou a transferência da cidade e um porta-voz da junta militar não respondeu aos pedidos da agência de notícias France-Press (AFP).

O anúncio surge no dia em que termina o cessar-fogo temporário declarado pelo exército birmanês a 2 de abril, na sequência do terramoto de magnitude 7,7 que atingiu o país a 28 de março e causou mais de 3.700 mortos.

Embora tanto a oposição pró-democracia como as guerrilhas étnicas tenham aderido à trégua para facilitar a chegada de ajuda humanitária, as Nações Unidas contabilizaram mais de 120 ataques perpetrados pelo exército após o terramoto.

O MNDAA, um grupo de guerrilha constituído maioritariamente por elementos da etnia Kokang com raízes chinesas, faz parte da aliança rebelde conhecida como "Aliança dos Três Irmãos", que desde outubro de 2023 lançou uma ofensiva contra a junta militar e se apoderou de vastos territórios nas zonas fronteiriças com a China.

Desde o golpe militar de 2021, Myanmar está mergulhado numa profunda crise política e humanitária, com um conflito armado que já deslocou mais de 2,6 milhões de pessoas, segundo a ONU.

Leia Também: Nações Unidas apelam ao reforço da ajuda humanitária a Myanmar

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