Harvard recorre à Justiça contra corte de verbas pela administração Trump

A Universidade de Harvard apresentou hoje um processo judicial para impedir o congelamento pelo governo de Donald Trump de subsídios estatais no valor de mais de 2,2 mil milhões de dólares (1,9 mil milhões de euros).

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Paulo Dias Figueiredo
22/04/2025 06:11 ‧ há 10 horas por Paulo Dias Figueiredo

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 "Este caso concerne aos esforços do governo para utilizar o congelamento das subvenções federais como meio de obter controlo sobre as decisões académicas em Harvard", justificou a universidade no processo judicial entregue em tribunal, citado pela agência AP.

 

A administração de Trump exigiu, numa carta enviada a Harvard no início deste mês, amplas reformas governamentais e de liderança na universidade, bem como mudanças nas suas políticas de admissão, de diversidade no campus e fim do reconhecimento de alguns clubes de estudantes.

Tal foi recusado pelo Presidente de Harvard, Alan Garber, e horas mais tarde o governo congelou milhares de milhões de dólares de financiamentos federais.

Na sua ação judicial, a universidade defende que "o Governo não identificou - e não pode identificar - qualquer ligação racional entre as preocupações com o antissemitismo e a investigação médica, científica, tecnológica e outra que congelou e que tem como objetivo salvar vidas americanas, promover o sucesso americano, preservar a segurança americana e manter a posição dos Estados Unidos como líder global em inovação".

"O Governo também não reconheceu as consequências significativas que o congelamento indefinido de milhares de milhões de dólares de fundos federais para investigação terá para os programas de investigação de Harvard, para os beneficiários dessa investigação e para o interesse nacional em promover a inovação e o progresso americanos", acrescentou.

Numa mensagem à comunidade de Harvard, o presidente da universidade afirmou hoje estar a defender "os valores que fizeram do ensino superior americano um farol para o mundo".

"Defendemos a verdade de que as faculdades e universidades de todo o país podem abraçar e honrar as suas obrigações legais e cumprir da melhor forma o seu papel essencial na sociedade sem uma intrusão governamental indevida", escreveu.

A administração Trump está há várias semanas envolvida num impasse financeiro com várias universidades norte-americanas, acusadas de permitir que o antissemitismo florescesse durante os protestos estudantis contra a guerra em Gaza.

Donald Trump ameaçou ir ainda mais longe ao retirar a isenção fiscal concedida a Harvard, que acusou de espalhar "ódio e estupidez".

Os republicanos no Congresso norte-americano anunciaram na semana passada que iniciaram uma investigação sobre Harvard, acusando a universidade de violar as leis de igualdade.

Na carta que anunciava a abertura de uma investigação parlamentar, o reitor da universidade foi acusado de "falta de conformidade com as leis dos direitos civis" e, em particular, a discriminação com base na raça.

"Harvard parece tão incapaz ou pouco disposta a impedir a discriminação ilegal que a instituição, sob a (...) orientação [de Garber], se recusa a considerar um acordo razoável proposto pelas autoridades federais, com o objetivo de fazer com que Harvard volte a cumprir a lei", sublinharam, na missiva, o presidente da Comissão de Investigação da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso), James Comer, e a congressista republicana Elise Stefanik.

A rejeição da universidade a Donald Trump foi saudada por muitos professores e estudantes como um raro sinal de resistência, enquanto a Universidade de Columbia, em Nova Iorque, aceitou empreender reformas sob pressão do republicano.

A reação de Harvard também foi saudada por centenas de professores e por várias figuras do Partido Democrata, incluindo Barack Obama, tendo o antigo presidente (2009-2017) saudado a medida como um exemplo que deve ser seguido por outras instituições.

A universidade, localizada perto de Boston, que conta com cerca de 30 mil alunos, consolidou-se há anos no topo do Ranking Mundial das Instituições de Ensino Superior de Xangai.

Leia Também: Republicanos iniciam investigação a Harvard no Congresso dos EUA

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