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Ninguém está a morrer de fome em Cabo Verde, diz ministro a Rita Pereira

O ministro da Cultura cabo-verdiano, Abraão Vicente, afirmou hoje "ninguém está a morrer de fome" no país, numa reação ao pedido de apoio para os cabo-verdianos feito pela atriz portuguesa Rita Pereira, devido à covid-19.

Ninguém está a morrer de fome em Cabo Verde, diz ministro a Rita Pereira
Notícias ao Minuto

21:31 - 06/05/20 por Lusa

Mundo Covid-19

Numa mensagem colocada na sua conta oficial na rede social Facebook, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas dirigiu-se diretamente à atriz portuguesa, agradecendo a "preocupação".

"Mas quero que saiba que ninguém está a morrer de fome em Cabo Verde. Quero que saiba que 'fome' é um tema muito sensível para os cabo-verdianos e agradecíamos que não se tocasse nela assim de forma tão superficial", afirmou na mensagem, que termina pedindo à atriz para "que retire o vídeo onde diz que há crianças a morrer de fome" no país.

Horas antes, a atriz portuguesa divulgou um vídeo nas redes sociais, afirmando ter sido alertada pelo músico de origem cabo-verdiana Nélson Freitas para os efeitos que a pandemia de covid-19 está a ter no arquipélago.

"Há crianças a morrer de fome, mesmo aqui ao nosso lado, num país para onde os portugueses vão de férias, ser felizes e aproveitarem aquelas praias incríveis. Eu sei que há muitas pessoas em Portugal também a passar por isto, mas também há muitos cabo-verdianos a viver aqui. Se vocês puderem ajudar podemos fazer a diferença", disse a atriz, no vídeo.

Numa alusão ao período colonial português, o ministro reagiu com a história do país: "Caso não saiba, Cabo Verde, ao longo da sua história passou, de facto, por vários ciclos de fome e morte. Ficámos marcados pela perda e pelo desaparecimento de famílias e gerações", afirmou.

Recordou que "entre os anos de 1854-56 cerca de 25% da população do arquipélago morreu, também devido à fome", que "as fomes de 1941-43 e 1947-48, mataram cerca de 45.000 pessoas" e que de 1946 a 1948 só a ilha de Santiago perdeu 65% de sua população "quer pela fome, quer pela emigração em massa", nomeadamente para S. Tomé e Príncipe.

"É certo que ainda temos pobreza, temos famílias que precisam de auxílio do Estado e da comunidade mas podemos dizer taxativamente que após a independência de Cabo Verde (1975), graças a um esforço coletivo do nosso povo, dos nossos emigrantes e dos nossos parceiros internacionais conseguimos erradicar essa fome que mata crianças e velhos e que deixa cicatrizes na pele da nação", retorquiu, dirigindo-se à atriz portuguesa.

As ilhas de Santiago (Praia) e Boa Vista, as únicas com casos ativos da doença em Cabo Verde, permanecem em estado de emergência (desde 29 de março) até às 24:00 de 14 de maio, com a população obrigada ao recolhimento em casa e as empresas fechadas.

As restantes seis ilhas sem casos de covid-19 deixaram o estado de emergência em 27 de abril, e a ilha de São Vicente no dia 03 de maio.

Cabo Verde registou hoje mais cinco casos de infeção pelo novo coronavírus, todos na cidade da Praia, elevando para 191 no país, de acordo com a atualização oficial feita pelas autoridades de saúde.

Na mesma atualização, regista-se também mais uma doente recuperada, totalizando agora 38 em todo o arquipélago.

A nova doente recuperada, na ilha de São Vicente, é uma paciente de nacionalidade chinesa, que estava internada há mais de um mês, mas que teve alta após dois testes negativos para a covid-19.

Com estes novos dados, Cabo Verde passa a registar casos diagnosticados de covid-19 distribuídos pelas ilhas de Santiago (132), Boa Vista (56) e São Vicente (03). Contudo, em São Vicente, não há qualquer caso ativo neste momento.

Em todo o país, duas pessoas acabaram por morrer, na Praia e na Boa Vista, e dois turistas estrangeiros, também infetados, regressaram aos países de origem, totalizando por isso 149 casos ativos em Cabo Verde.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 257 mil mortos e infetou quase 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

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