"Não devemos aceitar que a ordem de paz" estabelecida a partir de 1945 "desvaneça diante dos nossos olhos", afirmou Frank-Walter Steinmeier num discurso proferido em Berlim por ocasião do 75.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, ditado a 08 de maio de 1945 após a rendição da Alemanha nazi.
"Queremos mais e não menos cooperação no mundo, incluindo na luta contra a pandemia", declarou o chefe de Estado alemão.
Frank-Walter Steinmeier, cujo cargo é sobretudo honorífico e cerimonial, também pediu aos alemães para encararem o 08 de maio de 1945 como um dia de "gratidão" e não com um sentimento de amargura pela derrota e pelo sofrimento infligido pelos bombardeamentos das forças aliadas, pela expulsão das populações alemãs dos territórios da Europa de Leste ou pela perda de territórios.
"Sim, nós, os alemães, podemos afirmar hoje: o dia da libertação é um dia de gratidão!", disse o Presidente alemão, acrescentando: "Precisámos de percorrer três gerações para que possamos afirmá-lo com todo o coração".
Durante a intervenção, Frank-Walter Steinmeier fez uma referência ao discurso proferido por um de seus antecessores, Richard von Weizsäcker, que ficou na História alemã.
Em 1985, por ocasião do 40.ª aniversário do fim da guerra, Richard von Weizsäcker falou pela primeira vez de um "dia de libertação" também para a Alemanha, promovendo então uma rutura na perceção de derrota do país, ideia que ainda permanece, nos dias atuais, na mentalidade de alguns alemães.
Na atualidade, a extrema-direita alemã tem vindo a contestar fortemente a promoção da memória e de uma cultura de arrependimento pelos crimes nazis, pilar essencial para a reconstrução nacional pós-guerra, que tem vindo a ser desenvolvida nos últimos anos pelas instituições na Alemanha.