Pandemia não pode impedir resgate e desembarque de migrantes, alerta ONU

A pandemia da covid-19 não deve servir de argumento para impedir operações humanitárias de resgate no Mediterrâneo ou o desembarque de migrantes em portos seguros, defendeu hoje a ONU, face ao aumento destes casos nos últimos meses.

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Lusa
08/05/2020 16:23 ‧ 08/05/2020 por Lusa

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Covid-19

 

Entre janeiro e março do ano corrente, as partidas de embarcações com migrantes a bordo das costas da Líbia quadruplicaram em comparação com o mesmo período em 2019.

"Estamos profundamente preocupados com os relatos sobre a falta de assistência e rejeição de embarcações com migrantes no Mediterrâneo central, que se mantém como uma das rotas migratórias mais mortíferas do mundo", declarou o porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Rupert Colville.

Em 2019, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) contabilizou 1.283 mortes (registadas oficialmente) no Mediterrâneo, sendo que a rota central (que sai da Argélia, Tunísia e Líbia em direção à Itália e a Malta) é a mais mortal.

Segundo as mais recentes estimativas da OIM, mais de 20 mil pessoas terão morrido durante a travessia da rota migratória do Mediterrâneo desde 2014.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos avançou ter recebido informações que indicavam que Malta "estará a pedir a navios comerciais para que empurrem de volta para alto mar embarcações com migrantes e refugiados a bordo e que se encontram à deriva".

A situação é ainda mais grave porque muitos dos navios fretados por organizações não-governamentais para realizar resgates e conduzir os migrantes para um porto seguro não estão neste momento operacionais.

De acordo com as informações fornecidas pela agência da ONU, existiam hoje três navios com migrantes a bordo que aguardavam autorização para desembarcar.

Na quinta-feira, uma embarcação teve luz verde das autoridades de Malta para atracar, com La Valetta, que encerrou os portos (a par de Itália) por causa da pandemia da covid-19, a justificar a autorização com motivos humanitários.

Segundo Rupert Colville, na embarcação estava "um pequeno grupo de adultos, incluindo uma grávida, e menores".

Nas mesmas declarações, o porta-voz disse que o Alto Comissariado também teve conhecimento que apelos de socorro feitos para centros de coordenação de resgate marítimo têm ficado sem resposta ou têm sido ignorados.

Situação que, de acordo com Rupert Colville, "certamente põe em causa os compromissos dos países em relação ao respetivo dever de salvar vidas".

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias France Presse (AFP), a pandemia da doença covid-19 já provocou cerca de 269 mil mortos e infetou mais de 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios. 

Mais de 1,2 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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