Os protestos contra o confinamento na Alemanha começaram em meados de abril, mas de lá para cá têm contado com um número crescente de participantes e uma presença cada vez maior de extremistas de direita e de esquerda, que está a preocupar as autoridades.
Em Estugarda (sudoeste), a câmara municipal tinha autorizado uma manifestação de até 5.000 pessoas numa praça, mas muitas mais juntaram-se ao protesto, levando a polícia a repelir parte delas para as ruas adjacentes, segundo indicou a própria polícia no Twitter.
Em Frankfurt (oeste), cerca de 1.500 pessoas participaram no protesto, a que acorreram outros tantos contra manifestantes, gritando "fora nazis!".
Em Munique (sul), cerca de mil manifestantes, o máximo autorizado, juntou-se num parque onde costuma realizar-se a Festa da Cerveja, e "numerosas pessoas" juntaram-se "sem respeitar a distância de segurança", segundo a polícia, que disse ter intervindo para desmobilizar os manifestantes.
Ao todo, houve protestos numa dezena de cidades da Alemanha, com a participação, cada uma, de centenas de pessoas: em vários locais de Berlim, mas também em Bremen (norte), Nuremberga (sul), Leipzig (leste) e Dortmund (oeste), entre outras.
Segundo a imprensa alemã, estes protestos juntam ativistas dos direitos cívicos, mas também extremistas de direita e de esquerda e apoiantes de teorias da conspiração ou dos movimentos anti-vacinas, que contestam o uso obrigatório de máscara e as restrições à liberdade de movimento.
O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) declarou o seu apoio a estes protestos.
No entanto, cerca de um em cada quatro alemães diz compreender as manifestações, segundo uma sondagem do instituto Civey.
O chefe do governo regional da Baviera, Markus Söder, considerado um potencial sucessor da chanceler Angela Merkel, apelou aos políticos que não cometam, face a estas manifestações, "o mesmo erro que cometeram com o Pegida", o movimento de protesto de extrema-direita surgido em 2014 em Dresden (leste), que deu origem a um aumento dos ataques contra imigrantes e impulsionou a popularidade da AfD, atualmente a principal força da oposição na câmara baixa do parlamento alemão.
Protestos destes "constituem um reservatório no qual antissemitas, conspiracionistas e negacionistas se podem encontrar", advertiu por seu turno o comissário do governo para a luta contra o antissemitismo, Felix Klein.
Entre os que criticam estes protestos, vários alemães recorrem às redes sociais para denunciar os riscos de "covidiotas" provocarem uma segunda vaga de infeções, obrigando a novas restrições.
A Alemanha é o quinto país da Europa com mais casos de infeção pelo coronavírus, depois da Rússia, Espanha, Reino Unido, e Itália, mas regista uma taxa de mortalidade mais baixa que esses países.
Dos 173.152 casos de infeção registados até agora, mais de 150 mil doentes recuperaram e 7.824 morreram, segundo números oficiais de sexta-feira.